Vários hospitais de Portugal juntaram-se à moda que nasceu na Dinamarca que consiste em oferecer aos bebés prematuros “polvinhos” de algodão que, segundo alguns pediatras, podem fazê-los lembrar do ventre materno e do cordão umbilical, trazendo vários benefícios.
São polvos de diversas cores feitos em crochê, cuja cabeça tem que medir entre 7 e 9 centímetros e os seus oito tentáculos entre 16 e 22 centímetros.
O objetivo destes peluches, de algodão, é ajudar os bebés prematuros nos seus primeiros dias de vida, de modo a que tenham sempre companhia quando estão na incubadora.
A iniciativa, cujos benefícios são questionados por alguns, iniciou-se há cinco anos na Dinamarca e com a passagem do tempo alargou-se por todo o mundo.
“Os bebés agarram na incubadora os tentáculos do polvo e ficam muito mais tranquilos”, explicou à EFE António Mendes, chefe do serviço de Pediatria do Hospital da Guarda.
“Provavelmente, os tentáculos imitam o cordão umbilical”, explicou Mendes, ainda que “não há uma razão bem estabelecida” do ponto de vista de uma explicação científica dos benefícios.
Contudo, António Mendes assegura que, com a ajuda dos polvinhos, as crianças estão mais confortáveis na incubadora, o que melhora a frequência cardíaca e respiratória.
Além disso, incide, “se se agarram aos tentáculos, não pegam nos tubos que costumam ter colocados”.
Em Portugal, o último movimento de voluntários que se dedicam a fazer estes “polvinhos” de forma altruísta para os recém-nascidos nasceu precisamente na Guarda, na região Centro de Portugal.
Estela Poço, uma moradora da cidade, de 42 anos, foi a responsável de introduzir esta prática solidária com a iniciativa denominada “Um polvo de amor”, que congrega várias dezenas de voluntários que nos momentos livres fazem este tipo de bonecos.
“Não há homens, as que tecemos os polvinhos somos todas mulheres”, explicou à EFE Estela Poço.
Até ao momento já entregaram uma centena de exemplares, todos elaborados seguindo o padrão original projetado pela organização que os criou pela primeira vez na Dinamarca.
“Quando os crianças estão na incubadora com o polvinho, ficam mais tranquilas e, inclusivamente, ajuda-os a ganhar peso”, manifestou Poço.
“Não é um tratamento”, esclareceu, “mas dá muita tranquilidade aos recém-nascidos”.
Nos hospitais de Porto, Braga, Viseu ou Covilhã, a prática de oferecer um polvo aos recém-nascidos já se generalizou e são cada vez mais os voluntários que se somam a esta curiosa iniciativa.
“As associações de Guarda cedem-nos os seus locais e lá nos juntamos para elaborar o polvinho”, relata Estela Poço.
Para evitar qualquer risco para o recém-nascido, a elaboração dos polvinhos está regida por algumas normas específicas de tamanho e tipo de algodão, que devem ser cumpridos por todos os voluntários.
A iniciativa conta inclusive com o apoio da associação de Bombeiros Voluntários do distrito da Guarda, que lhes fez uma doação económica para que financiem as despesas da elaboração dos polvinhos durante este ano.
“Após receber esta doação, decidimos que a partir de agora vamos entregar os polvinhos tanto aos bebés prematuros como ao resto das crianças que nasçam na Guarda”, avançou a voluntária.
Os peculiares peluches chegaram ao Hospital da Guarda em Novembro deste ano, mas os primeiros polvinhos solidários em Portugal foram entregados meses antes, em Março de 2017, na unidade de neonatologia do Hospital São João do Porto.
Esta ideia surgiu no Hospital Universitário da cidade dinamarquesa de Aarhus em 2013 e, segundo divulgou então o equipa médica após a experiência, os bebés registaram melhorias nos sistemas respiratórios e cardíacos e aumentaram os níveis de oxigénio no sangue.
Carlos García (EFE)