PJ detém procurador do Ministério Público por suspeitas de corrupção

Orlando Figueira terá alegadamente recebido luvas superiores a um milhão de euros para encerrar processos relacionados com altas figuras de Angola.

O procurador do Ministério Público Orlando Figueira foi detido pela Polícia Judiciária (PJ), nesta terça-feira, por suspeitas de corrupção e branqueamento de capitais, disse fonte ligada ao processo. O Ministério Público realiza hoje “buscas a domicílios, mas também a escritórios de advogados e a instituições bancárias”, anuncia a Procuradoria-Geral da República (PGR), em comunicado a que o PÚBLICO teve acesso, em que acrescenta como se chama esta operação, Fizz.

A mesma fonte ouvida pela Lusa adiantou que o procurador, que trabalhou no Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP), está detido por suspeitas de ter cometido crimes económicos no exercício das suas funções como magistrado. Os factos da investigação indiciam “suspeitas da prática dos crimes de corrupção passiva na forma agravada, corrupção activa na forma agravada, branqueamento e falsidade informática”, diz a nota.

Segundo o Correio da Manhã, Orlando Figueira, em licença sem vencimento do Ministério Público desde 2012, terá alegadamente recebido luvas superiores a um milhão de euros para encerrar, sob o pretexto da “falta de provas”, processos relacionados com altas figuras de Angola – arquivando directamente, como fez, ou levando ao arquivamento posterior de cerca de uma dezena de inquéritos que corriam, até 2012, sob a sua alçada.

A nota da PGR diz que “em causa está o recebimento de contrapartidas” por parte do magistrado, com a “finalidade de favorecer interesses de suspeito, em inquérito cuja investigação dirigia”.

O Correio da Manhã adianta também que o advogado Paulo Blanco, defensor dos interesses do Estado angolano em Portugal, também é suspeito de branqueamento de capitais no mesmo processo, mas o causídico, contactado pela Lusa, negou que o seu escritório estivesse a ser alvo de buscas da PJ.

Na operação Fizz desta terça-feira participam 11 procuradores da República, oito juízes e seis dezenas de elementos da PJ.

Fonte: Lusa/público