O setor da pesca lúdica exige a reabertura da atividade, suspensa perante o dever geral de recolhimento, e pondera avançar para uma manifestação caso permaneça sem respostas do Governo, assegurou à Lusa Ângelo Cardoso do Movimento pela Pesca.
“A pesca lúdica, para efeitos do Governo e da tutela, não é considerada um desporto. Só é considerada, apesar de fazermos as mesmas coisas, se estivermos federados”, apontou Ângelo Cardoso, que lançou a petição pública “Abertura imediata da pesca lúdica para pescadores com licença válida em 2020”.
Apesar da atividade não ser permitida, os pescadores continuam a ser notificados para pagar as licenças.
“O surf e o cicloturismo, e muito bem, estão abertos, mesmo não sendo federados […]. A nossa luta é que, de uma vez por todas, se retire o nome lúdica e passe a desportiva”, apontou.
O setor contesta ainda a decisão do Governo, garantindo que todas as normas da Direção-Geral da Saúde (DGS) são cumpridas, e lamenta que o executivo não dê quaisquer respostas, ao contrário do que aconteceu no primeiro desconfinamento.
“Perguntámos à tutela [ministérios do Mar e do Ambiente] e ninguém nos diz nada. A tutela não responde, manda para o Governo e o Governo manda para a tutela”, notou.
Perante a ausência de respostas, Ângelo Cardoso avançou com uma petição pública que, em cerca de 48 horas, reuniu as assinaturas suficientes para ser debatida na Assembleia da República.
No mesmo sentido, foram enviados vários pedidos de audiência aos grupos parlamentares.
“Vários partidos já perguntaram para quando a abertura, mas nem sequer aos partidos respondem”, sublinhou.
Este membro do Movimento pela Pesca lembrou também que, para muitos pescadores, sobretudo os mais idosos, este é um meio de subsistência.
“Onde é que isto põe a saúde pública em causa?”, questionou, defendendo ainda uma “fiscalização muito intensa” nesta fase.
Ângelo Cardoso garantiu também que, caso o Governo continue sem dar respostas aos pescadores, o setor vai sair à rua em manifestação de norte a sul do país.
“Se for preciso uma manifestação, nós vamos manifestar-nos. Acho que não é preciso isso, mas chega a um ponto em que se atinge o limite”, notou.
No entanto, conforme ressalvou, tal só vai acontecer depois de serem recebidos pelos grupos parlamentares e caso continuem sem uma garantia por parte do executivo.
A Lusa questionou o Ministério do Mar sobre a reabertura da pesca lúdica, mas, até ao momento, não obteve resposta.