A última sondagem mostra uma reviravolta e aponta para o ‘sim’ ao divórcio com Bruxelas.
Cerca de 43% dos britânicos sairiam da União Europeia (UE) se tivessem de decidir hoje onde votar num referendo sobre o futuro europeu do Reino Unido. Já 40% prefere manter-se e 17% continua indeciso. Os números são o resultado da sondagem feita ‘online’ a 3 e a 4 de Setembro no Reino Unido, por encomenda do tablóide Mail on Sunday, o jornal de domingo do Daily Mail, que destacou os números sem indecisos: 51% a favor da saída e 49% a favor da permanência.
Os resultados das sondagens a propósito do tema têm sido, no entanto, bastante incertos, não apontando sempre no mesmo sentido. A Survation, empresa que assinou este inquérito a cerca de mil pessoas, tem feito outras desde o ano passado, sendo esta a primeira com mais respostas a favor da saída. A anterior, realizada entre 29 de Junho e 6 de Julho, revelou que 54% dos inquiridos queriam ficar, contra 45% a preferir sair.
A novidade neste inquérito foi a pergunta a propósito da crise migratória. ASurvation perguntou aos defendem a permanência se manteriam a mesma tendência de voto se esta crise piorasse. E enquanto 68% disseram que sim, manteriam, 22% responderam que talvez mudassem de opinião e optassem pela saída da UE. Os inquiridos foram também questionados sobre a actuação de David Cameron neste tema. A maioria respondeu a favor, defendeu que o Reino Unido tem o direito de recusar a partilha de refugiados pelos países da UE e mostrou-se contra uma intervenção militar britânica na Síria (48% contra 29%). A estratégia de Cameron foi, no entanto, pelo caminho do acolhimento de mais refugiados e, também, pela entrada na “guerra” contra o Estado islâmico na Síria. O Mail on Sunday considera que a crise dos migrantes terá influência no resultado do referendo que Cameron quer fazer no próximo ano sobre a permanência do Reino Unido na UE. David Cameron tem vários problemas para resolver antes de avançar com um referendo e dizer por que lado vai optar. E oprimeiro é saber se a UE vai ceder ao Reino Unido em algumas áreas, como o reforço dos poderes dos parlamentos nacionais, a maior liberalização económica e a redução da liberdade de circulação de pessoas.
A este propósito, o primeiro ministro britânico começou um périplo pela Europa na semana passada, tendo estado em Lisboa com Pedro Passos Coelho e em Madrid com Mariano Rajoy, com quem discutiu a agenda de reformas que o governo de Downing Street quer dos parceiros europeus. Renegociar as condições de permanência na UE era uma intenção já antiga do governo conservador, abafada nos últimos meses pela crise grega.
A nível interno, o governo tem também tentado acalmar os ânimos dos partidários do sim e do não. De acordo com o Financial Times deste fim de semana, o governo de David Cameron estará preocupado com a opinião dos empresários sediados no Reino Unido, tendo inclusive pedido a alguns para que não falem sobre o assunto, de forma a não comprometer a negociação sensível com as instâncias europeias. O mesmo artigo afirma que a opinião favorável à permanência na União Europeia dos empresários poderá ter o efeito contrário nos eleitores.
Fonte: Económico