O secretário-geral do PCP acusou hoje o Governo PS de construir o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) “sob o mando de Bruxelas e dos senhores do dinheiro” e não em função das necessidades de desenvolvimento de Portugal.
Num comício em Beja, Jerónimo de Sousa disse que “vemos o Governo, ao mesmo tempo que se empenha numa bem urdida ação de propaganda, a manter a linha de submissão a esses inconfessados interesses do grande capital e aos ditames da União Europeia e do Euro”.
Esta linha, continuou, “leva” o Governo, “por exemplo, a construir o chamado PRR não em função das necessidades de desenvolvimento do país, mas sob o mando de Bruxelas e dos senhores do dinheiro”.
“Exatamente como vemos o Governo, no plano da agricultura, uma atividade tão importante para esta região [de Beja], a ceder a todas as pressões para apoiar as culturas superintensivas, no Plano Estratégico da PAC [Política Agrícola Comum], inventando novas linhas de apoio à medida dos seus interesses”, acrescentou.
Trata-se de uma “política que não serve os interesses e não assegura a defesa da soberania alimentar” de Portugal, alertou.
Jerónimo de Sousa falava num comício da CDU, no âmbito da pré-campanha para as eleições autárquicas de dia 26 deste mês, e que contou com a participação do candidato daquela coligação, que junta PCP e Partido Ecologista “Os Verdes”, à presidência da Câmara de Beja, Vítor Picado.
O líder dos comunistas frisou que as autárquicas são “uma batalha da maior importância, realizada em difíceis condições, numa situação marcada ainda pelas consequências” da pandemia de covid-19, “mas principalmente pelo aproveitamento que o grande capital dela tem feito”.
“Aí os vemos a anunciar encerramentos e despedimentos coletivos em empresas e setores com lucros, com carteira de encomendas, com mercados a precisar deles. Aí os vemos a tentar cortar direitos, a procurar desregular horários, agravar a precariedade, limitar a ação sindical, acentuar a exploração”, alertou.
Também “aí os vemos, sedentos dos milhões anunciados, a organizarem e distribuírem forças e zonas de influência entre si, a constituírem estruturas, novos centros de decisão, para melhor influenciarem a distribuição do bolo, não aos pobres, mas aos ricos e poderosos, e, em primeiro lugar, aos mais ricos dos mais ricos”.
Jerónimo de Sousa disse que os “primeiros” candidatos da CDU aos órgãos municipais e às juntas de freguesia do concelho de Beja têm um “percurso de dedicação à melhoria das condições de vida dos trabalhadores e da população” locais que “fala por si e será uma alavanca para um grande resultado” e para “reconquistar a Câmara de Beja, resgatando-a ao marasmo a que a gestão do PS a condenou”.
“Alguns, de vistas curtas e sendo apenas capazes de fazer contas de merceeiro – salvaguardando respeitosamente o merceeiro obviamente -, dirão que estamos nesta batalha para no fim fazermos a contabilidade de ganhos e perdas. Desenganem-se. A CDU quer ganhar a Câmara Municipal de Beja”, frisou.
A CDU também quer “reforçar os seus resultados com mais votos, mais mandatos e mais maiorias, não para mostrar e trazer ao peito, mas para, a partir dessas posições, contribuir para resolver problemas candentes dos trabalhadores e das populações”, acrescentou.
Lusa