O primeiro-ministro e presidente do PSD foi acusado de estar a pensar em fazer cortes nas pensões para aumentar a sustentabilidade da Segurança Social, e respondeu que isso é falso.
“Não estou, não”, afirmou Pedro Passos Coelho, numa entrevista à TVI moderada pelo jornalista José Alberto Carvalho, em que durante perto de uma hora esteve a responder a perguntas de um painel de cidadãos.
Antes, Rodrigo Rivera, de 28 anos tinha-o confrontado com a quantidade de portugueses que emigrou nos últimos anos, declarando: “A maior parte das pessoas não voltou para Portugal e isso vai ser um grande rombo na Segurança Social, e eu acho que devia começar por aí, e não com um corte nas pensões, que é o que está a pensar fazer”.
Este jovem licenciado, que depois de emigrar para o Brasil decidiu regressar a Portugal e está a trabalhar num ‘call center’, fez a intervenção mais hostil a Pedro Passos Coelho neste programa, dizendo ao primeiro-ministro que ele está fora da realidade da maior parte dos portugueses e associando-o a Oliveira e Costa e a Dias Loureiro.
“O Rodrigo faz parte da realidade que eu conheço. E eu estou a trabalhar e tenho trabalhado durante estes anos para que essa situação seja superada”, retorquiu Passos Coelho, observando: “Eu não sei qual é a sua orientação político-partidária, é-me indiferente para esse efeito”.
O primeiro-ministro acrescentou que espera que a recuperação da economia traga mais emprego qualificado e sustentável.
Nesta entrevista, Passos Coelho nada adiantou sobre os termos da reforma da Segurança Social, que defende deve ser feita em conjunto com o PS, limitando-se a reiterar que, se o atual sistema “ficar intocável, não é sustentável”.
O desemprego foi o assunto com que mais vezes foi confrontado pelo painel de cidadãos. Cinco pessoas fizeram-lhe perguntas sobre a situação dos desempregados, sobretudo jovens, e o tema foi ilustrado também com um vídeo com a canção de Pedro Abrunhosa “Para os braços da minha mãe”.
Houve também perguntas sobre a austeridade imposta aos reformados, sobre a alegada degradação da Saúde, negada pelo primeiro-ministro, sobre o aumento do IVA da restauração, que Passos Coelho não quis prometer descer, e sobre a desertificação do interior.
A certo ponto, o primeiro-ministro desabafou: “José Alberto Carvalho, espero que o seu objetivo não seja o de mostrar aqui tudo o que corre mal no país”.
Quanto ao desemprego, Passos Coelho considerou que ainda é elevado, mas vai continuar a diminuir, à medida que a economia for recuperando, referiu que “não é o Estado que cria os empregos”, e considerou que a raiz do problema está nas políticas anteriores ao mandato do atual Governo.
“Se nós queremos gerar emprego sustentável não podemos seguir do ponto de vista económico aquelas políticas que geraram desemprego mesmo quando tudo está bem na economia. E é isso que eu gosto de confrontar também com o PS, que tem uma visão diferente, evidentemente”, afirmou.
Jornal de Noticias