07.11.2023 –
Os partidos da oposição mostraram-se unânimes na resposta às buscas efetuadas esta manhã a membros do Governo: António Costa não tem condições de continuar no cargo e deve demitir-se.
Rui Rocha, presidente da Iniciativa Liberal, foi o primeiro líder político a reagir e a pedir a demissão de Costa ou a dissolução do Parlamento por parte do Presidente da República. “O primeiro-ministro não tem condições para continuar no cargo”, apontou, defendendo que o Presidente da República deve dissolver o Parlamento, para “pôr ordem na casa”, se o primeiro-ministro não puser “a mão na consciência” e apresentar a sua demissão, considerando que o país está “envolvido em podridão”.
No Parlamento, o líder do partido liberal destacou que o “que seria normal acontecer num país em que as instituições estivessem a funcionar” era o primeiro-ministro “chegar à conclusão que não tem condições para continuar a exercer funções” e apontou as detenções de “três pessoas do círculo íntimo do primeiro-ministro”. “Os factos são de uma enorme gravidade”, garantiu. “Nós não podemos ter um primeiro-ministro em funções com o seu círculo íntimo detido ou arguido”, defendeu.
André Ventura, líder do Chega, defendeu a demissão imediata de João Galamba – “tem de sair já”, afirmou -, lembrando que a tomada de posse do atual ministro das Infraestruturas foi “uma ofensa à justiça”, devido à informação “que já circulava” sobre o caso. “A confirmarem-se as notícias, mostra que havia fundamento e forma de impedir que João Galamba entrasse no Governo”, disse à ‘SIC Notícias’. Mais tarde, na Assembleia da República, destacou que “é a primeira vez na história da democracia portuguesa que o chefe de um gabinete do primeiro-ministro é detido, é a primeira vez na história da democracia portuguesa, desde o 25 de Abril, que há buscas na residência oficial do PM e, mesmo comparando com o tempo de José Sócrates, é a primeira que há um inquérito aberto no Supremo, autónomo, ao senhor primeiro-ministro”, apontou André Ventura.
“Isto não diz que António Costa é culpado ou que qualquer dos outros envolvidos são culpados, mas diz que, neste momento, com grande probabilidade a justiça encontra algumas suspeitas na conduta de ministros em funções e do primeiro-ministro”, acrescentou, salientando que “é uma situação intolerável para a democracia e não permite a continuidade deste Governo”.
O presidente do PSD convocou para esta terça-feira uma reunião de urgência da direção do partido “perante a gravidade da situação que envolve a base central do Governo” e promete falar “ao país” no final. Numa nota, os sociais-democratas informaram que Luís Montenegro “convocou de urgência uma reunião da Comissão Permanente (núcleo duro da direção)”. A reunião é justificada “perante a gravidade da situação que envolve a base central do Governo”.
A porta-voz do PAN, Inês de Sousa Real, considerou que o ministro das Infraestruturas não tem condições para se manter no cargo e apelou ao primeiro-ministro que dê explicações ao país na sequência da investigação sobre a exploração de lítio. “O ministro João Galamba já há muito tempo que não reúne as condições para se manter em funções”, afirmou, considerando também que “é importante que António Costa venha esclarecer de forma cabal” esta situação.
Já o presidente do CDS-PP, Nuno Melo, defendeu que o primeiro-ministro deve “apresentar imediatamente a demissão” e, se António Costa não o fizer, o Presidente da República deve dissolver o Parlamento e convocar eleições antecipadas. “Face à gravidade da atual situação e à falência do Governo socialista, o primeiro-ministro deve apresentar imediatamente a sua demissão”, defendeu o eurodeputado.
Por último, o PCP, através de Paula Santos, António Costa “deve esclarecimentos ao país”. “Face às conclusões, que se retirem todas as consequências”, referiu a deputado, numa curta mensagem no Parlamento.
Francisco Laranjeira / Executive Digest