O papa Francisco classificou, este domingo, como “ato deplorável” o roubo de documentos internos do Vaticano e assegurou que nada o vai afastar de continuar as reformas que quer realizar.
“Antes de mais quero dizer que o roubo destes documentos é um delito. É um equívoco e um ato deplorável que não ajuda”, afirmou o papa ao referir-se ao desaparecimento e divulgação de documentos do Vaticano que foram publicados em dois livros.
O inquérito sobre o caso já levou à detenção, no passado fim de semana, do sacerdote espanhol Lucio Ángel Vellejo Balda e da italiana Francesca Chaouqui.
Após a celebração da missa de domingo, o papa dirigiu-se aos fiéis presentes na Praça de S. Pedro afirmando que sabe que muitos fiéis estão indignados com as notícias que têm circulado nos últimos dias sobre os documentos da Santa Sé que “foram subtraídos e publicados”.
Nas primeiras palavras sobre o escândalo, o papa indicou que foi ele que pediu para se fazer o estudo sobre as finanças do Vaticano e que sabia, tal como os colaboradores mais próximos, da existência dos referidos documentos.
“Tomaram-se medidas que já estão a dar frutos”, assegurou.
“Quero dizer que este triste facto não me afasta do trabalho e das reformas que estamos a realizar, com os meus colaboradores, e com o apoio de todos vós”, acrescentou dirigindo-se aos fiéis.
O papa disse ainda que “a Igreja renova-se através da oração e com a santidade quotidiana de cada batizado” e pediu aos fiéis que rezem por ele e pela Igreja e seguindo em frente com “confiança e esperança”.
O já chamado caso “Vatlileaks 2 — em referência ao caso anterior em que foi condenado Paolo Gabriele, mordomo do papa Bento XVI, pelo roubo e divulgação de documentos — foi conhecido na passada segunda-feira quando foi comunicada a detenção do padre espanhol e a cidadã italiana responsável pelas relações públicas da Santa Sé.
Ambos foram detidos no passado fim de semana no quadro da investigação sobre a divulgação dos documentos de carácter económico considerados “reservados” pela Santa Sé e que surgiram publicados na quinta-feira nos livros “Via Crucis” de Gianluigi Nuzzi e “Avarizia” de Emiliano Fittipaldi.
O sacerdote espanhol de 54 anos foi secretário da Comissão Investigadora dos Organismos Económicos e Administrativos da Santa Sé (COSEA), entretanto extinta, e que o papa instaurou para investigar o estado das finanças do Vaticano.
Alguns dos documentos produzidos pelos organismos foram publicados nos dois livros.
Vallejo Balda, neste momento, está detido sob prisão preventiva no edifício da Gendarmaria do Vaticano.
Entretanto, a ex-relações públicas italiana que foi membro da COSEA foi colocada em liberdade.
Os dois implicados esperam agora o fim das investigações preliminares para ficarem a conhecer a acusação judicial.
Um comunicado do Vaticano, divulgado na semana passada, referia que as investigações continuam e que a divulgação de notícias sobre documentos reservados é “um delito” contemplado na legislação do Estado da Cidade do Vaticano e que prevê penas de até oito anos de prisão.
Fonte: JN