16.10.2024 –
O British Council organização internacional do Reino Unido para as relações culturais e oportunidades educativas, acaba de apresentar as conclusões de um inquérito que responde a algumas das questões chave incluídas no livro The Future of English: Global Perspectives. Segundo a pesquisa, a Europa é a região do mundo com a maior percentagem de profissionais (49,6%) que respondem que os países que falam apenas inglês “provavelmente” ficarão em desvantagem no futuro, seguidos de 19,9% que asseguram que “definitivamente” estes países serão afetados.
“Ser poliglota é uma realidade para muitos europeus que, além do inglês, necessitam conhecer outras línguas. Nestes países, saber falar apenas inglês pode representar uma desvantagem, já que é necessário não só falar outras línguas, como também ser verdadeiramente multiculturais,” refere Mina Patel, diretora do Grupo de Investigação do Estudo The Future of English do British Council.
As conclusões revelam que 60% dos participantes a nível mundial consideram que “definitivamente” o inglês continuará a ser a língua mais falada em todo o mundo.
Existe uma coexistência equilibrada entre os inquiridos europeus que pensam que os professores serão parcialmente afetados pela Inteligência Artificial (IA) (48,2%) e os que afirmam que “não” (43,5%). Analisando os resultados globais de acordo com a profissão, 50,9% dos professores e 51,3% dos funcionários públicos de todo o mundo responderam que os professores não serão substituídos pela IA.
Mina Patel refere que “A Educação, tal como outros setores, também é afetada pelo impacto da IA. A tecnologia está a orientar não apenas o que fazemos, mas a forma como o fazemos. A IA não substituirá os professores porque os jovens que aprendem informalmente são os que também afirmam «precisamos de professores para nos orientar». Isto significa que o papel do professor é fundamental e continua a ser necessária a estrutura que o sistema educativo proporciona.”
No que diz respeito à aprendizagem, 44% dos participantes a nível mundial consideram que os alunos de inglês estão “parcialmente” a aprender as competências certas para o seu futuro, seguidos de 29% que afirmam que as aprendem “totalmente”.
Entre os participantes europeus, 58,7% respondem “sim, parcialmente”, enquanto apenas 2,5% refere que “sim, totalmente”. 23,6% dos participantes revelam dúvidas quanto a este tópico, respondendo “não tenho a certeza”.
“Durante o estudo, os empregadores referiram que os jovens não estão totalmente preparados quando integram um novo emprego. Isto significa que a língua e as competências que a acompanham são algo muito distinto. Será necessário apostar na integração das competências e da língua, uma vez que a língua não funciona de forma isolada”, comenta a diretora do Grupo de Investigação do Estudo The Future of English do British Council.
Tendências e previsões
- A IA generativa e o papel dos professores. A perceção evoluiu e a IA é, agora, vista como uma oportunidade para pensar fora da caixa e para além da desigualdade. Perante esta realidade, Patel salienta a importância de “não deixar os professores para trás” num cenário em que os alunos sabem mais sobre tecnologia e são capazes de a utilizar de forma mais inteligente do que os seus professores. A especialista considera que este é o momento certo para os profissionais de educação determinarem qual a metodologia que deve orientar a utilização das novas tecnologias e não o contrário, a fim de manter os professores qualificados e capacitados.
- Bem-estar dos professores. Em linha com as primeiras previsões, há um intenso debate sobre o papel em constante evolução dos professores e a forma como isso pode afetar o seu bem-estar emocional. Patel suscita uma reflexão geral sobre a carga de trabalho e as exigências atuais dos professores, o valor social e o reconhecimento do seu trabalho e a falta de oportunidades de formação num ambiente desafiante.
- Multilinguismo. O debate sobre a forma como o inglês se enquadra noutras línguas e como podemos utilizá-las para aprender inglês está ultrapassado. Nos países onde coexistem várias línguas, tanto na sociedade como na sala de aula, há uma discussão crescente sobre a forma como o inglês deve coexistir com os outros idiomas.
- Aprendizagem informal e reforma do ensino. Dado que grande parte da aprendizagem ocorre fora da sala de aula e informalmente (no trabalho ou utilizando as redes sociais, cursos e ferramentas de IA), os sistemas de ensino públicos e privados devem refletir cuidadosamente sobre esta questão. A colaboração entre os setores público privado para integrar as formas informais de aprendizagem nos sistemas de ensino é fundamental para aumentar a criatividade e acompanhar a flexibilidade de horários, em conformidade com as necessidades atuais dos estudantes e de toda a sociedade.
- Avaliação. Os profissionais da educação estão a reconhecer a sua importância e o apoio que deve ser dado aos professores, especialmente na avaliação formativa, para ajudar os alunos na sua aprendizagem e desenvolvimento
Participaram neste inquérito 1.792 profissionais de educação, sobretudo, professores, dirigentes e funcionários públicos, de 92 países, incluindo Portugal.