14.9.2023 –
No próximo sábado, 16 de setembro
O Salão Nobre dos Paços do Concelho de Cantanhede vai receber no próximo sábado, dia 16 de setembro, pela 21:30 horas, um espetáculo de música contemporânea.
Ritornello – Associação Cultural traz a Cantanhede um espetáculo extraordinário por meio de QCContemporâneo – Quarteto de Cordas, uma formação clássica que vai interpretar cinco obras de registo contemporâneo da autoria de notáveis compositores portugueses, designadamente “Nos Teus Olhos Permanece o Mistério”, de João Pedro Oliveira, “ACARRO”, de Amílcar Vasques Dias, “Lendas da Maré”, de Ana de Ataíde Magalhães, “…is a wasted emoticon”, de Sara Carvalho e “String Quartet N. º1”, de Hugo Vasco Reis.
Constituído por António Ramos e Clara Dias, violino, Diana Antunes, viola, e Rogério Peixinho, violoncelo, o QCContemporâneo apresenta-se com a inequívoca disposição de proporcionar uma oportunidade para assistir e ouvir novas sonoridades, com a expressão e energia que este agrupamento transmite sempre que sobe a palco.
Este concerto terá entrada gratuita e será apresentado em mais 9 municípios de Portugal, no âmbito da programação cultural proposta pela Ritornello – Associação Cultural, com o apoio dgARTES – Direção Geral das Artes, Antena 2 e Diário de Coimbra.
Temas a apresentar:
“Nos Teus Olhos Permanece o Mistério” para quarteto de cordas 2022, de João Pedro Oliveira
Alguns dizem que os olhos são o espelho da alma.
E, por vezes, buscamos neles respostas para muitos mistérios emocionais do ser humano.
Às vezes aí as encontramos, outras vezes o mistério permanece sem solução.
Foi pensando nisto que encontrou a motivação para escrever esta obra.
“ACARRO” para quarteto de cordas 2022, de Amílcar Vasques Dias
O termo popular alentejano acarro, que designa o local ou ajuntamento de animais – gado bovino ou ovino – debaixo de uma grande árvore, habitualmente uma azinheira, para se protegerem do calor ou da chuva, sempre interessou e intrigou o compositor. Há muitos anos que manifestava vontade de compor uma peça “inspirada” neste comportamento instintivo dos animais, que é surpreendente! Acarro não pretende, nem pode “traduzir”, a energia física da deslocação dos animais, nem as suas vozes, nem a mansa quietude do ajuntamento; mas pode, por vezes até de uma forma humorística, fazer um apelo à imaginação dos intérpretes e seus ouvintes…
“Lendas da Maré” para Quarteto de Cordas, Porto 2022, de Ana de Ataíde Magalhães
No Séc. XVI, em Peniche, dois fidalgos ricos odiavam-se. O filho de um deles, Rodrigo, apaixonou-se pela filha do outro, Leonor, mantendo o amor em segredo. Sendo este amor descoberto, o pai de Rodrigo enviou-o para a ilha da Berlenga, que continuou a encontrar-se com a Leonor numa gruta em Peniche. Um dia, Leonor foi perseguida e caiu do alto de um penedo, morrendo afogada. Rodrigo, ao descobrir a morte da sua amada, atirou-se ao mar, morrendo também. Os corpos de Leonor e Rodrigo foram encontrados em lugares diferentes. A gruta é conhecida localmente como Passos de D. Leonor.
“… is a wasted emoticon”, de Sara Carvalho
(… é uma emoção desperdiçada) para quarteto de cordas
A ideia que impulsionou a escrita de … is a wasted emoticon foi imaginar o que é que cada ouvinte sentiria durante a audição da obra. É por esta razão que o título é deixado em aberto (…), isto é, para que cada ouvinte possa completar as reticências com a(s) palavra(s) que possa(m) corresponder à(s) emoção (emoções) relativa(s) ao que está a ouvir. A obra foi escrita entre janeiro e fevereiro de 2023, fruto de uma encomenda do QCContemporâneo, Ritornello.AC, com fundos da DGartes.
“Quarteto de Cordas n.° 1 (Imago)”, de Hugo Vasco Reis
“String Quartet N.1 (Imago)” foi inspirado na peça “Cinco Lugares Sobre a Fragilidade” de Hugo Vasco Reis e faz referência à transcrição de sons de um espaço sonoro relacionados com ruídos e vibrações – normalmente segregados e não percecionados – recolhidos em zonas rurais da região centro de Portugal. A subjetividade tem um importante desempenho no processo de transcrição, dado que reconfigura o elemento representado, questionando o limite da sensibilidade sónica, através de formas coreográficas de transformação, construção gradual de sons e contemplação do sujeito representado.