Ser velho não implica que se tenha 80, 90, 100 anos… ou mais ou menos (anos de vida).
Ser velho é não ser autónomo, é ser doente (física e mentalmente) e não ter qualidade de vida. Ora, isto pode acontecer a pessoas com qualquer idade e pelos mais variados motivos.
Hoje em dia, fala-se muito da esperança média de vida que tem vindo a aumentar com os avanços da ciência. Tem-se conseguido prolongar a vida das pessoas. Eu diria que se tem conseguido manter/prolongar as funções vitais, mas daí a chamar “vida” àquilo que as pessoas experienciam… chamar “vida” a sobrevivência… chamar “vida” a existência… tenho cada vez mais dúvidas.
O que é a vida afinal? Será que se pode chamar vida ao facto de uma pessoa poder respirar e alimentar-se? É isso viver?
A longevidade é, ao mesmo tempo, uma coisa muito boa e muito má.
Muito boa, quando a saúde física e mental permite ver/sentir as coisas de forma diferente do que quando se era jovem. Relativizar. Aprender a paciência, a tolerância, a indulgência. Alterar as prioridades.
Muito má, quando a saúde física deixa de permitir a autonomia e dita a dependência de outrem. Péssima, quando a saúde mental inibe o pensamento racional. Horrível quando já não se tem vontade de existir.
Qualquer tipo de sofrimento, seja ele físico ou psicológico, é doloroso. Para quem o sente e para quem lida com quem o sente. Que desgaste! !!!!
Não me parece bem que prolonguem as funções vitais sem que haja qualidade de vida.
Quanto ao que considero qualidade de vida, seria tema para outra conversa não esquecendo o respeito pelo conceito que cada um tem de “qualidade de vida”.
Texto de opinião de Carla Leite