No dia 31 de maio assinalou-se o Dia Mundial sem Tabaco, e a Medicina Interna não pode deixar de assinalar esta data, uma vez que todos os dias trata doentes que o são porque fumam ou fumaram.
A “Doença Tabágica”, ou seja, as repercussões do tabaco ao nível da saúde são sistémicas, pode atingir todos os órgãos. Sendo a Medicina Interna a especialidade que trata as doenças sistémicas, não podemos deixar de incluir a cessação tabágica como uma prioridade no tratamento dos doentes.
Falamos das diferentes repercussões do tabaco: DPOC (doença pulmonar obstrutiva crónica), doenças cardiovasculares (angina e enfarte do miocárdio), AVC (acidente vascular cerebral), doença arterial periférica, cancros nomeadamente do pulmão, da laringe, da bexiga, do rim, lesões oculares que podem levar à cegueira, entre outras.
A cessação tabágica é essencial na abordagem dos doentes fumadores com doenças atribuídas ao tabaco, uma vez que é a medida mais eficaz no seu tratamento e, em muitos casos, a única que pode travar a sua progressão.
Em 2002, o Serviço de Medicina do Centro Hospitalar Universitário do Porto colaborou na organização de uma Consulta Multidisciplinar de Cessação Tabágica, juntamente com o Serviço de Psiquiatria de Ligação. Trata-se de uma consulta para pacientes que necessitam de uma intervenção intensiva e inclui consultas individuais e consultas de grupo de doentes.
Mas, mais importante que tratar as doenças associadas ao tabaco, é a sua prevenção. Assim, para além de ajudar as pessoas doentes a deixar de fumar, também são nossa preocupação e alvo de cuidados as pessoas saudáveis que fumam, nomeadamente profissionais da Instituição.
Assinalamos anualmente o dia 31 de maio com sessões de sensibilização para a população, incluindo os mais novos, que ainda não fumam. Sabemos que a sensibilização deve começar nas escolas.
De acordo com a recomendações da Direção-Geral da Saúde de 2007, “todos os profissionais de saúde têm a responsabilidade de promover estilos de vida saudáveis e de prestar cuidados preventivos à população, independentemente do tipo de cuidados que prestem e do local de trabalho onde exerçam, em particular no que se refere à prevenção e tratamento do tabagismo. A maioria da população recorre, em diversos momentos, a uma consulta médica ou a outros serviços de saúde, o que oferece excelentes oportunidades para a avaliação do consumo de tabaco e a promoção da cessação tabágica.”
Opinião de Elga Freire, Internista e Membro da SPMI