Circulação e trânsito no concelho de Mira, em todas as suas vertentes.
A circulação de pessoas, veículos e mercadorias é vital para a interligação de comércio, serviços e bem-estar. Com a exceção do exercício físico, todos dependem de alguém ou de algo que vai e vem para poder completar o círculo do serviço: no comércio esperam-se produtos para comercializar, expedem-se produtos para vender e esperam-se clientes; nos serviços esperam-se pessoas para atender e estar à disposição. A boa circulação faz com que a roda ande viva e ativa, com menos obstáculos e barreiras e facilitando a vida a todos. Mas a má circulação cria dificuldades, obstáculos nas tarefas do dia-a-dia e mau estar na vida pessoal.
Em qualquer concelho e localidade é preciso ter as vias de circulação necessárias em quantidade, qualidade e com planeamento corretos para providenciar uma circulação adequada e que beneficie todos. O problema é agradar ao maior número de pessoas: dependendo da atividade, idade e meio de transporte todos podem reivindicar o seu ponto de vista como o melhor. Neste sentido, é necessário ouvir a população e juntamente com as opiniões técnicas e bom senso adequar as vias existentes em manutenção e sentidos.
Falando em manutenção, existem obstáculos que afetam a dinâmica de trânsito e transeuntes que podiam ser resolvidos de maneira simples. Não é admissível que tenhamos sinalização antiga, em fim de vida, junto de algumas estradas nacionais desclassificadas, especialmente em zonas urbanas onde o sinal e a circulação de peões estão em conflito permanente, não cumprindo com a legislação de acessibilidades. Urge retirar sinalização obsoleta e incongruente resultante da alteração da rede viária, como placas de cimento enormes nos passeios ou sinais de trânsito ferrugentos que além de dificultarem a passagem de peões diminuem a visibilidade na estrada.
É preciso fazer manutenção das pistas ciclo-pedonais o ano inteiro, meter mãos à obra em vez de empurrar responsabilidades entre órgão autárquicos enquanto as ervas crescem nas bermas e as vedações amarelas/fitas tapam os acessos aos buracos nas pontes. É uma infraestrutura essencial não só ao turismo mas ao desporto e atividades ao ar livre, usada durante todo a ano!
Quanto à circulação no concelho, continuam a ficar de fora as localidades limítrofes, com estradas com mais de 30 anos, esburacadas, com um remendo de vez em quando. Os munícipes pagam o IMI das suas casas, pagam o Imposto de Circulação mas os seus acessos continuam miseráveis para o século XXI. Não merecem também estas localidades pavimentações dignas?
Depois ainda temos as obras em Mira e na Praia de Mira. O que dizer das infinitas obras na Praia? Estão finalmente a ser ultimados os pavimentos na Av. Infante D. Henrique e na Av. Arrais Batista Cera, foram ainda preparados os regulamentos de trânsito e de circulação. Em relação aos sentidos e circulação na avenida paralela ao mar, vamos ver como resulta. O planeamento da circulação foi adequado pelo grupo de trabalho conjunto, dentro do possível, mas já foi influenciado pela implementação no terreno, executado como no projeto inicial. Está aí a época balnear e a confusão está longe do fim. Não seria melhor fazer 2 obras em 3 meses do que 6 obras em 9 meses? As obras são bem-vindas e essenciais, mas a repartição temporal das obras e desdobramento em tarefas de menor duração certamente causa menos transtorno aos moradores e turistas.
Na Avenida 25 de Abril, a obra ainda sem fim à vista, porque o prazo não está nem vai ser cumprido, salta à vista uma má coordenação na circulação. Não é preciso formação superior para questionar o planeamento e implementação da circulação. A melhor solução é cortar o trânsito nos 2 sentidos? Claro que não! Um dos sentidos podia ser otimizado para estar sempre aberto e apenas um se desviava. Existiam alternativas, a recém-acabada Rua Raúl Brandão podia manter os 2 sentidos durante as obras e podia-se usar também a Rua dos Forninhos e das Hortas por detrás da vila (que ligam ao “troço da couve”) para minimizar os incómodos. Infelizmente essas ruas também estão em obras e vedadas ao trânsito, como é possível? Uma ida aos CTT e a uma loja na Rua Marquês de Pombal, do outro lado das obras, com regresso ao norte pode demorar 10 minutos a mais. Não existem alternativas para quem quer circular. A sinalização temporária também não é a melhor.
Em jeito de conclusão, podemos dizer que as coisas estão a andar, mas podiam andar mais e melhor! Cabe-nos, a nós cidadãos, fazer parte das decisões e influenciar da melhor maneira os responsáveis para beneficiarmos todos de uma circulação saudável e fluída.
André Monteiro, Deputado independente do MAR da Assembleia Municipal