O “simbolismo” de Mira para a ABMG…

14.2.2023 –

O Conselho de Administração da ABMG esteve em Mira para avaliar os trabalhos desenvolvidos até ao momento em terras gandaresas. Mário Jorge Nunes destacou, ao lado de Raul Almeida e Nuno Campilho, a capacidade de trabalho da empresa e perspectivou o futuro de uma entidade que já foi muito contestada porque, como disse o autarca sourense, “era ano eleitoral”…

Iniciando o segundo ciclo de rotatividade entre os coordenadores – Presidentes das Câmaras Municipais de Soure, Montemor-o-Velho e Mira – foi no local simbólico da Estação de Águas da Lagoa de Mira que teve início esta espécie de prestação de contas às populações, daquilo que já foi, está a ser ou será realizado segundo os planos da Empresa.

Mário Nunes afirmou que, tendo sido investidos 10.000.000, 00 de euros no Portugal 2020, a ABMG está pronta a apresentar, assim que for permitido, mais 15.000.000,00 de euros para os próximos anos. Segundo o autarca sourense, “Mira foi o local escolhido para iniciarmos este périplo, porque foi aqui que a ABMG apostou muito, visto que as condições naquela altura, não eram boas, no que se refere à qualidade da água que chegava às torneiras da sua população”. “A solidariedade da ABMG, em investir fortemente aqui também tinha a razão de que há um enorme aumento do consumo na região durante a sazonalidade do período do Verão”, afirmou Mário Nunes. 

Visivelmente satisfeito com o facto de considerar terem existido “três Verões ultrapassados de forma consolidada, dois por conta da pandemia, o que obrigava as pessoas a ficarem em casa e naturalmente, consumirem mais água e o do ano passado, que foi extremamente seco” o autarca fez questão de recordar a todas as populações dos Municípios abrangidos pela ABMG que nem tudo são rosas e que os custos acabarão sempre por ser a pedra no sapato de quem tem a obrigação de gerir “ao cêntimo” os valores que decorrem de “alterações externas” às Obras Públicas. “Tencionamos terminar até ao final deste ano as obras em curso”, disse, “mas não podemos deixar de referir que existiram “derrapagens” nos prazos, por parte dos empreiteiros, por conta da falta de materiais. Agregado a isso, houve o encarecimento da mão de obra e, se isso não fosse o suficiente, também subiram os preços dos materiais tecnológicos, que são fundamentais neste tipo de prestação de serviços”. 

Vistas as coisas, Mário Nunes confirmou que o incremento de custos que tem existido para a Empresa, “deverá ser partilhado pelos consumidores, pois esta é a única maneira que temos de poder continuar a investir…” Referindo-se ao Tarifário-Padrão utilizado de 2018 – o de Montemor-o-Velho, foi o escolhido por ser mais alto que o de Soure e mais baixo que o de Mira, na altura – o autarca deixou a garantia de que “estamos com o nosso tarifário abaixo da média regional”. Como exemplo de que a Empresa procurará manter preços razoáveis, deixou a comparação da inflação “que centrou-se por volta de 10% enquanto o tarifário de 2023 recebe uma atualização de pouco mais de 4%”

Mário Nunes deixou a certeza de que a “ABMG continuará sua busca constante na qualidade e na quantidade da água, com programas modernizados que evitem ao máximo a perca da água, um ponto sensível onde ainda estamos, infelizmente, muito acima da média europeia”. “Temos 58.000.000,00 de euros inventariados para os próximos vinte anos em investimentos que, se fosse possível, seriam realizados de uma só vez, mas muito deste valor tem de receber financiamento externo e, claro, tem de ser faseado” deixou como nota final.

Quando questionado pelo Jornal Mira Online sobre se sentia que a contestação que a ABMG conheceu nos primeiros tempos, já está ultrapassada?” o Presidente da Câmara Municipal de Soure referiu que “em 2021 servimos de ponto de refrência num verdadeiro tiro ao alvo inorgânico, vindo de quem procurou denegrir as pessoas – no caso mais direto, a mim, pois era o coordenador na altura, como volto a ser agora – e a própria ABMG. Através das redes sociais, aconteceu aquilo que considero o pior da política, a personalização. Mas, as pessoas acabaram por entender duas coisas: que o que aconteceu deveu-se ao facto de ser um ano eleitoral e que a Empresa é gerida por eleitos locais e responde constantemente aos órgãos municipais… a ABMG é constantemente, alvo de um escrutínio realizado pelos órgãos autárquicos de cada Município… não somos uma mini TAP, somos uma Entidade que gere um bem essencial à vida das pessoas de Soure, Montemor e Mira!

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Raul Almeida: “A Estação da Lagoa é o retrato daquele que, durante muitos anos foi o nosso maior problema!”

O autarca mirense lembrou que “o excesso de ferro existente na nossa água fez com que meus colegas de Soure e Montemor coincidissem com a nossa opinião de que Mira teria de receber rapidamente uma intervenção a fundo, pois os munícipes necessitavam de água com qualidade e, para mais, a população quase que quadruplica durante o período do Verão!”

Sendo esse, “um enorme problema que tivemos de combater desde a primeira hora da criação da ABMG”, aquilo que Raul Almeida e Mário Nunes deixaram bem frisado, foi a certeza de que “os passos estão a ser dados de forma segura, para bem das populações e da própria Empresa”.

“Nós, Presidentes de Câmara temos, hoje, uma APP que nos informa sobre todas as variantes métricas que são necessárias para termos conhecimento ao segundo, de tudo o que gira à volta dos consumos e da qualidade do serviço que a ABMG presta” deu a conhecer Raul Almeida. Este destacou, ainda “a construção da Estação de Tratamento de Água da Presa, com a realização de um furo, número que ainda pode aumentar para dois, para além das ligações elétricas que, tudo envolvido, permitirá uma nova ligação de água daquela Estação para Mira”. 

Enumerando as “evidentes melhorias no serviço prestado que se traduzem na água que, já hoje, sai das torneiras de Mira”, o edil deu ênfase, também, “ao saneamento do Seixo, que está pronto em 95% da sua capacidade, aguardando apenas, pela finalização de outra Entidade para que tudo possa ser ligado” e não se esqueceu de referenciar “que serão fechadas as melhorias em Portomar, na Valeirinha e na Presa, assim que possível”.

Desta maneira, Raul Almeida afirma “considerar que tomamos, na altura da Constituição da ABMG, uma boa decisão, visto que ganhamos escala e eficácia sem, no entanto, podemos deixar de assumir que temos excelentes equipas no terreno a trabalhar durante todos os dias do ano para que nada falte no sentido das populações terem o produto final – a água – a sair das torneiras de forma que já pouco se lembrem de como era há três anos atrás…”

Quando confrontado pela reportagem do Jornal Mira Online se a água “é o grande legado que a sua governação deixa para o futuro?”, o autarca confirmou ser esta a sua “obra para as próximas gerações”. “Sim, acredito que para além da parte física que vai sendo desenvolvida, também deixo um legado financeiro, visto que os enormes prejuízos que o Município de Mira tinha nesta vertente, hoje não existem. Todo o trabalho que se vê, em conjunto com uma informatização de topo e umas finanças saudáveis, dão-me a garantia de termos feito a opção certa e, também aqui, podemos nos orgulhar. Há muito por fazer, é certo… mas, também é certo que muito já foi feito para melhorarmos toda a envolvência desse bem comum de enorme importância, que é a água!”

Jornal Mira Online