24.1.2023 –
“Muito, ou pouco, se tem falado sobre a questão da saúde no concelho de Cantanhede. A razão pela qual eu coloco a hipótese de se ter falado “pouco” sobre este tema em Cantanhede tem a ver, obviamente, com o facto de algumas pessoas continuarem agarradas ao passado e se socorrerem de argumentos que se por um lado correspondem à verdade, por outro já têm mais de uma década de vida… Devo também acrescentar aprendi que nem sempre a melhor forma de pressionar é a mais espalhafatosa. Nem sempre por se “mandar um foguete ao ar,se dá início às festividades”…
Todos sabemos que os tempos são cada vez mais dinâmicos. Todos sabemos que a velocidade com que as coisas hoje em dia acontecem é estonteante. Todos devemos sempre lembrar que o valor da defesa do superior interesse da nossa comunidade deverá estar acima de qualquer outro. Todos sabemos que nunca se agradará a “gregos e a troianos”…
Neste tema em específico devo esclarecer que a minha opinião é muito clara e cristalina. Sei bem que alguns me vão tentar assassinar em termos de caracter por defender o que vou defender, mas há uma coisa que da minha parte poderão sempre contar, com a minha honestidade intelectual e com a defesa intransigente do que julgo ser o de maior importância para os meus concidadãos.
Sei bem que alguns se questionarão por andei eu nos últimos quinze anos, que nunca me ouviram uma palavra sobre as Urgências em Cantanhede, enfim… Chegou a hora de saberem o que penso! Chegou agora a hora de saberem que o que desejo não é uma solução de há 15 anos, como alguns continuam a fazer, mas sim uma solução integrada, de resposta às efetivas necessidades das pessoas. Hoje, quanto a mim, poderão estar reunidas essas condições. Hoje, quanto a mim, poderá haver uma forte possibilidade de se conseguir uma solução muito interessante para Cantanhede!
O Hospital Arcebispo Dom João Crisóstomo (Cantanhede) e o Centro de Medicina de Reabilitação da Região Centro – Rovisco Pais (Tocha) são duas unidades orgânicas de características muito diferentes, no entanto, por razões distintas, defendo a mesma solução para o futuro de ambas.
A solução em causa deverá garantir que, no caso de Cantanhede, se otimizem/utilizem as condições físicas e humanas e que de uma forma inquestionável se garantam as condições de dignidade e capacidade técnica suficientes para disponibilizar os serviços que a população, potencialmente abrangida por esta unidade, de cerca de 100 000 pessoas, merece. Nomeadamente a resposta a consultas não programadas e de tratamento a situações agudas.
O HAJC, tem hoje condições para ser um “posto avançado” do CHUC, inclusivamente ao nível do bloco operatório, questão que como sabemos nos aflige de sobremaneira (listas de espera). Mas mais do que isso, o HAJC poderá ser a solução para terminar com este vazio de serviços públicos de saúde que existe nesta zona geográfica.
Com o HAJC integrado no CHUC, com a sua posição estratégica bem definida, com as suas valências inteligentemente disponibilizadas e com os valiosos recursos humanos bem distribuídos, o litoral/norte do distrito de Coimbra fará claramente a sua parte garantindo serviços de saúde fundamentais à sua população e não congestionando um dos mais concorridos centros hospitalares do país (CHUC).
No que diz respeito ao CMRRC – Rovisco Pais, devemos ter presente que as unidades com as mesmas características, ao nível da assistência prestada, existentes no nosso país todas estão integradas em Centros Hospitalares. Neste momento apenas o CMRRC – Rovisco Pais ainda se encontra a funcionar como uma unidade isolada com todas as vantagens e desvantagens daí decorrentes.
Uma “não integração” do CMRRC-Rovisco Pais no CHUC poderá criar as condições ideais para que se verifique uma de duas possibilidades, ou se vai esvaziar completamente até à sua extinção fruto do seu isolamento organizacional ou serão criadas as condições ideais para a sua integração numa qualquer estrutura de cariz privado.
Pois bem, não desejo nem uma nem outra, o CMRR-Rovisco Pais além de uma referência histórica é hoje uma referência ao nível técnico e dos serviços prestados. É importante demais para deixar de fazer parte do SNS ou até deixar de existir!
Existe hoje um grupo de trabalho, constituído por técnicos da área que estudam qual a melhor forma/solução de resolver/minimizar estes problemas. Defendo que devemos deixar aos técnicos o que é técnico e depois disso, caso se justifique, se introduza a subjetividade política para que, depois de tudo isso, o cidadão seja efetivamente satisfeito com um serviço de qualidade.
Em suma, penso que poderei defender, sinteticamente, a integração destas duas unidades orgânicas do SNS no Centro Hospitalar da Universidade de Coimbra desde que salvaguardadas as condições que deverão satisfazer as necessidades da população “coberta” por estas unidades e não a satisfação do que são apenas as necessidades do Ministério das Finanças.
Sérgio Negrão