“O QUE EU DEVO AO MAR” (Manuel Gabriel)

“Talvez por ter nascido tão perto do mar que eu me enamorei dele com um amor tão verdadeiro, como um pai que ama seu filho.

Saúdo-te,oh Mar, por seres a obra mais linda do Universo.

Naveguei em cima de ti tantas horas, dias, noites, meses, e anos pelos quatro cantos do mundo, vi-te tantas vezes a rosnar como a fúria de um leão, decerto que não era para mim nem para todos como eu, que em ti navegavam para encontrar o pão de cada dia.

Mas não me canso de te agradecer, que tantas vezes quando a tua força era superior á minha, tu sempre me poupaste, por isso não posso de ti dizer mal.

Destes-me muita amargura misturada com muita tristeza, mas também muita alegria, pois tudo o que tenho, e tudo o que sou, a ti te devo.

Assim te agradeço do fundo do meu coração, quantas vezes me poupaste a vida, o que ainda hoje te saúdo, com nostalgia dos tempos que em ti eu me fiz o homem que hoje sou.

Naveguei em cima de ti até ao Pólo Norte, quando ainda era uma criança onde andei alguns anos a pescar o fiel amigo, debaixo de temperaturas extremamente baixas, que hoje quem por lá andou faz um ponto de exclamação: como foi possível trabalhar naquelas circunstâncias, acompanhadas sempre com mau tempo?

Na época do Verão havia menos frio, mas quando vinham as tempestades, formavas umas ondas com tanta força, que por vezes fazias tremer qualquer destemido que te desafiasse.

Deixando o Norte, naveguei sempre em cima de ti até ao Cabo da Boa Esperança,. Ali também te encontrei com tuas altas ondas que mais me pareciam montanhas. Embora não houvesse frio, também ficavas revoltado de vez em quando, exigindo redobrados cuidados para quem naquelas Latitudes se encontrasse.

Mas com tudo o que se conta de ti, ninguém te consegue tirar o bom nome que tu tens.

És um elo de ligação a qualquer parte do mundo, as tuas águas cristalinas ligam todo o Universo, são remédio para um sem numero de doenças. Tens dentro das tuas águas, (quer sejam quentes ou frias, conforme as latitudes) peixe para todos os gostos, mas também és, sem sombra de dúvida, o maior caixote do lixo do Mundo, que todo o lixo que o homem produz cá na Terra, todo ele vai parar ás tuas águas que tu ,com toda a pujança, devolves para a terra tudo aquilo que não é teu.

(Se pudesses falar talvez dissesses ao homem para não te sujarem tanto como te sujam que assim não ficavas doente, como já está á acontecer…)

Tens dias que estás muito aborrecido com a Natureza, e assim formas as tuas ondas tão altas como as montanhas terrestes, expressando assim toda a tua raiva contida que por vezes até nos pareces um inferno, explodindo toda a tua força revoltada nas tuas águas de algo que te fez mal, mas depois de teres mostrado toda esta fúria, lá ficas novamente tão doce como as palavras de amor.

Nestas alturas não há ninguém que não goste de se banhar nas tuas mansas águas, passando horas de lazer que para sempre serão lembradas, pela infinda beleza que tens dentro de ti que supera todos os maus dias em que te mostra-te revoltado.

Por isso é que nunca é demais dizer que tu, Ó MAR és a obra mais bonita e mais perfeita que os meus olhos já viram.

És uma fonte inesgotável de alimentação para todo o ser humano.

Uma grande parte da humanidade que derrama seu suor em cima das tuas águas, faz delas o seu campo de batalha, trazendo para Terra o fruto do seu trabalho que todos os dias lhe dás.

Nunca foi da tua vontade quando se perde uma vida nas tuas águas, mas nem por isso eu deixo de te amar, visito-te todos os dias e por vezes, mesmo cá em Terra, sinto algum medo da fúria das tuas águas admirando como é grande o poder da Natureza… tem outros dias que me faz lembrar a outra face da tua moeda esquecendo assim aquela raiva que me mostraste há uns dias atrás, ficando como um oásis que nos deu a Natureza

Por isso é que eu digo que és a obra mais linda, que o Redentor deixou na Terra .

 

Texto de: Manuel Gabriel