Fenómeno Jangada de Pedra vai deixar a costa leste africana isolada no oceano Índico
Os indícios de que a África vai ver parte do seu território tornar-se um pequeno continente autónomo são cada vez mais nítidos, defendem vários investigadores e geólogos. E a fissura que se abriu no Quénia, e que foi notícia há cerca de uma semana, só vem comprovar isso, garantem.
Lúcia Perez Diaz, investigadora de pós-doutoramento do Grupo de Investigação das Dinâmicas das Falhas Tectónicas, da Faculdade Royal Holloway da Universidade de Londres, é um dos peritos que defendem essa tese.
Num artigo publicado este sábado pelo Daily Mail, a investigadora avança que, tal como aconteceu há 138 milhões de anos entre os continentes americano e africano, também a placa leste africana deverá acabar por se separar.
A divisão só deverá ocorrer, no mínimo, daqui a 10 milhões de anos. Quando tal acontecer, cinco países – a Somália, metade da Etiópia, o Quénia, a Tanzânia e o norte de Moçambique – deverão ficar num continente isolado (a que para já os geólogos chamam a Placa Somali) criando-se uma nova bacia oceânica.
A separação deverá acontecer ao longo do Rift Valley, ou Vale da Grande Fenda, no leste de África, que se estende ao longo de 3.000km, desde o Golfo de Áden, na costa somali, a norte, até Moçambique, a sul.
Segundo cálculos de Lucia Perez Diaz, a fissura do Quénia começou há 30 milhões de anos na região de Afra, no norte deste país, e tem vindo a propagar-se para sul à velocidade de 2,5cm a 5cm por ano.
A investigadora diz que a fissura agora posta em evidência por recentes movimentos tectónicos – que abriu uma fenda de cerca de 20m de largura e 50m de profundidade no Quénia e destruiu um troço de autoestrada – são “a fase inicial de uma desagregação continental”.
Assim, o panorama ficcional que José Saramago criou, em 1986, em a Jangada de Pedra, poderá mesmo verificar-se, só que em vez de ser na Península Ibérica, será na Costa Leste de África.
DN
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