Luso-brasileiro Pedro Henrique a postos para o arranque da competição na Ericeira, na próxima sexta-feira. “Tenho muito orgulho em ser o campeão desta Liga e gostava de repetir”, diz o vencedor da edição do ano passado
A Liga Meo Surf, o campeonato nacional de surf profissional, arranca já para a semana (sexta-feira, dia 24) com o Allianz Ericeira Pro, e os campeões nacionais, os irmãos Pedro e Carol Henrique, partem na linha da frente para o título de uma prova que neste ano apresenta a maior premiação de sempre, 90 mil euros, distribuída entre as competições masculina e a feminina.
A Liga Meo Surf é um produto de sucesso que mostra bem a fenomenal evolução do surf nacional, e a presença de Pedro Henrique, conceituado surfista de origem brasileira, entretanto naturalizado português, veio acrescentar-lhe valor. Todavia, o surfista de 34 anos, nascido e criado nas ondas do Rio de Janeiro, encontra-se numa situação complexa entre o sucesso competitivo e a dificuldade em encontrar patrocínios que lhe permitam voos mais altos.
“Estou a competir sem patrocinador principal, o que dificulta muito o planeamento da temporada, especialmente nas provas internacionais, em que o orçamento fica mais limitado”, lamenta o campeão nacional.
Antigo campeão mundial júnior, Pedro Henrique é, a par do português Tiago Saca Pires e do luso-germânico Marlon Lipke, um dos poucos atletas que competem na Liga que já passaram pela elite do surf mundial, o World Tour. Isto porque Frederico Morais, antigo campeão nacional, agora a competir nessa elite, está impedido de participar em provas fora dos circuitos mundiais da World Surf League (WSL), entidade que tutela o surf profissional a nível internacional.
E é precisamente o regresso ao World Tour o objetivo maior da carreira de Pedro Henrique. Uma meta que esbarra na tal ausência de autocolante no bico da prancha, símbolo que distingue o patrocinador principal.
Uma lacuna que o luso-brasileiro, que se sagrou campeão da Europa profissional já com as cores de Portugal, em 2015, justifica com alguma tristeza: “Há vários fatores que contribuem para isso, como a minha idade e o facto de ainda me verem como brasileiro. Não lhes interessa que existam muitos surfistas de top mundial na casa dos 30 anos nem importa que já tenha nacionalidade portuguesa e represente a seleção nacional, as marcas ainda olham para mim como brasileiro.”
Pedro Henrique nem culpa os potenciais patrocinadores que recusam apoiá-lo porque, diz, estes limitam-se a refletir o que se passa no meio em que trabalham. “Não tenho como negar que existe uma certa resistência para comigo. Não é só das marcas, mas também dos media especializados e dos outros surfistas. Basta referir que, quando me sagrei campeão nacional, vários órgãos de comunicação social generalistas vieram entrevistar-me enquanto nem um meio especializado veio falar comigo”, lamenta.
Liga Meo Surf é “referência”
Mas, apesar das dificuldades, Pedro Henrique está feliz com a escolha que fez quando se mudou para Portugal, em 2011. “Há anos que pensava em vir morar para Portugal com a minha família. Por tudo. Pela segurança, a estabilidade e a qualidade das ondas. É um dos melhores países do mundo para se ser surfista profissional”, reconhece.
E a Liga Meo Surf é um bónus bem-vindo, assume: “É um campeonato de referência a nível internacional. Muito profissional, bem organizado e com um nível de surf muito alto. Tenho muito orgulho em ser o campeão desta Liga e gostava de repetir.”
Um objetivo que casa bem com as aspirações internacionais de Pedro Henrique, já que neste ano a Liga Meo Surf atribui um wildcard para o Meo Rip Curl Pro, etapa portuguesa do World Tour da WSL, a ter lugar em Peniche, em outubro.
Um dos pontos da Liga Meo Surf mais elogiados pelo campeão nacional é o seu calendário: “Há novidades muito boas, como a inclusão da Figueira, onde há muito tempo quero ir surfar e a passagem da etapa do Porto para mais cedo, o que aumenta as possibilidades de apanhar lá boas ondas.”
A Figueira da Foz já foi palco de várias edições da etapa portuguesa do circuito mundial e volta a receber os melhores surfistas nacionais depois da última edição, em 2012.
Fonte: DN
Foto: FABIO POÇO / GLOBAL IMAGENS