27.4.2024 –
Ministro da Defesa diz que, atualmente, não há condições políticas para o regresso do Serviço Militar Obrigatório, mas é preciso atrair as novas gerações para as forças armadas em troca de “contrapartidas”.
O ministro da Defesa, Nuno Melo, defende que os jovens que cometem pequenos delitos devem cumprir serviço militar, em vez de ingressarem em “instituições que são escola para o crime”, para se tornarem “cidadãos melhores”.
“São Institucionalizados por pequenos delitos, e na maior parte dos casos (essas instituições) só funcionam como uma escola de crime para a vida. Quantos destes jovens é que, se em vez de estarem institucionalizados sem nenhuma condição, pudessem cumprir um serviço militar, ter oportunidade de um exercício de formação, de autoridade, de valores, não poderiam ser mais tarde cidadãos muito melhores e simplesmente não lhes foi dada essa oportunidade?”, questionou Nuno Melo, tendo sido aplaudido pelos jovens que participam na Universidade Europeia organizada pelo PSD e que conta também com o CDS, que decorre na Curia, no concelho de Anadia.
O ministro da Defesa Nacional reconhece que não há condições políticas para o regresso do Serviço Militar Obrigatório (SMO) e garantiu que o Governo está a estudar medidas que possam atrair os jovens para as Forças Armadas.
Num jantar-conferência, Nuno Melo disse que há ramos que estão já no limite da capacidade e que é necessário o recrutamento. O ministro da Defesa reconhece que pode ser difícil para um jovem cumprir seis anos de serviço militar, mas defende que a opção pode ser apenas um ano de experiência militar voluntária e que terá no final vantagens, como o acesso facilitado à universidade ou a entrada na função pública.
“Um ano de experiência militar voluntária que pudesse dar vantagens como, por exemplo, mais facilidade em entrar numa universidade” ou em “integrar a função pública em determinadas áreas”, referiu Nuno Melo.
O ministro da Defesa espera, no entanto, que muitos desses jovens acabem por gostar da vida militar e decidam assinar contrato e fazer carreira nas Forças Armadas.
Perante uma plateia de jovens, Nuno Melo nem esperou pelas perguntas para falar sobre a questão do recrutamento e referiu que o Governo tem de criar condições para tornar a carreira militar mais atrativa.
“Temos é de criar condições para que os jovens possam ter esta opção que tem de ser atrativa e nós vamos tentar fazê-lo”, disse Nuno Melo, reconhecendo os baixos salários no setor.
“Estamos cá para tentar mudar isto. Hoje, de facto, os salários são baixos e a perspetiva de reforma não é extraordinária”, referiu o ministro da Defesa, dizendo que sabe o que deve fazer.
Nuno Melo definiu como prioridades os antigos e os atuais combatentes, revelou ainda que quer que os soldados que ajudam a combater os incêndios recebam o mesmo que as outras forças no terreno.
“A única diferença é que enquanto um bombeiro no combate aos fogos e outras entidades têm por isso um suplemento que lhes é atribuído – e bem, porque falamos de funções de grande perigosidade – um militar faz rigorosamente a mesma coisa e não recebe nada mais por isso e essa é uma das coisas que eu quero mudar”, afirmou o ministro em resposta a uma pergunta de um jovem.
No discurso Nuno Melo sublinhou o papel fundamental da NATO como garantia da paz global, em tempos de guerra na Ucrânia, mas também no Médio Oriente.
Manuela Pires/RR