A artista Delphine Boël, oficialmente designada princesa dos Belgas após décadas de disputa sobre a sua paternidade, disse hoje que não vê necessidade em ser tratada como realeza e que continuará a definir-se pela sua arte.
“Vou continuar a ser Delphine. Não vou andar pelas ruas a dizer, por favor chamem-me princesa”, disse ela, acrescentando que o trabalho de caridade poderia ser uma exceção.
Na semana passada, um tribunal belga decidiu reconhecê-la oficialmente como filha do rei emérito Alberto II, algo que o monarca vinha contestando desde que as alegações de paternidade se tornaram públicas.
Sete anos após Boël ter iniciado o primeiro processo de reconhecimento de paternidade, em 2013, a artista vai agora mudar o seu nome para Saxe-Coburgo-Gotha.
Na mesma conferência, Delphine disse que a ida a tribunal visou obter o reconhecimento da família e o amor de um pai que lhe voltou as costas.
“Senti que foi contranatura ir a tribunal para ser reconhecida pelo meu próprio sangue, pelo meu próprio pai”, disse aos jornalistas.
Disse, por outro lado, que não sabe se a vitória legal se transformará em laços emocionais com o pai e a família.
“Se me perguntar se espero alguma coisa da família real, não espero nada. Vou apenas continuar com o meu trabalho”, disse, acrescentando que se “de repente eles mostrassem um sinal de aproximação nunca lhes voltaria as costas”.
O antigo rei, cujo filho Philippe é o monarca reinante, poderá ainda apelar uma última vez para o Tribunal de Cassação, mas a Princesa Delphine considerou que o recurso é pouco provável.
“Penso que está terminado agora”, afirmou.
A existência de Boël, de 52 anos, tornou-se do conhecimento público em 1999, na sequência da publicação de uma biografia não autorizada da rainha Paola.
Em maio de 2019, o Tribunal de Recurso em Bruxelas ordenou ao antigo monarca, de 86 anos, que fizesse um teste de ADN para comparar a informação genética com a da sua alegada filha.
Alberto II confirmou em 27 de janeiro que os resultados do teste de ADN a que foi submetido, por ordem do tribunal, mostraram que ele é o pai biológico da artista.
A princesa Delphine disse que o ponto de viragem na sua relação com Alberto II aconteceu quando ele negou que ela fosse sua filha.
“Fui um soldado, protegendo-o completamente e à minha mãe desde os 17 anos de idade e não dizendo nada porque o amava e porque tínhamos uma boa relação”, frisou.
“Quando passou a ignorar-me, senti-me como que apunhalada pelas costas”, concluiu.
Fonte e Imagem: Lusa