Mais de 150 pessoas assistiram à apresentação editorial do livro Nocturno, último romance de António Canteiro, que decorreu na sede da Associação Musical da Pocariça, no passado sábado, 30 de outubro.
Na mesa de honra, para além do autor, António Canteiro, esteve Pedro Cardoso, vice-presidente Câmara Municipal, Nuno Caldeira, presidente da Junta da União das Freguesias de Cantanhede e Pocariça, António Tavares, romancista galardoado e vencedor do Prémio Leya 2015 a quem coube a apresentação da obra, Dina Lopes, autora da pintura a óleo Nocturno que serve de capa do romance, Eduardo Fragoso, Presidente da Direção da Associação António Fragoso, Rodolfo Begonha, representante da Editora Gradiva Publicações.
O vice-presidente da autarquia cantanhedense, Pedro Cardoso, congratulou-se por esta excelente iniciativa “que contou como interessante o facto de se conjugarem, sob a designação “Nocturno”, três vertentes culturais: a Música, interpretação sublime da obra pela Orquestra Sinfónica António Fragoso; a Pintura com o belíssimo quadro da artista plástica Dina Lopes e que é capa do livro; e a Literatura com a obra notável do escritor António Canteiro”.
O responsável pelo pelouro da cultura fez questão de felicitar o autor “pela qualidade do projeto editorial que é apresentado hoje. António Canteiro é sem dúvida uma referência literária que nos orgulha a todos, cujo trajeto tem sido confirmado pela plêiade de prémios com que tem sido galardoado com diferentes obras literárias. Apraz-nos registar o prestígio do escritor e o reconhecimento do valor literário da sua obra”. Salientou ainda o “importante contributo para perpetuar o nome e a obra de António Fragoso, um mestre da música, que embora tenha partido muito cedo, tanto contribuiu para a evolução musical do século 20”, concluiu.
Nuno Caldeira, assumindo o papel de anfitrião da sessão, começou por agradecer “à Associação Musical da Pocariça a hospitalidade proporcionada, disponibilizando prontamente o espaço para acolher tão distinta cerimónia”. Aproveitou para felicitar os artistas que “de forma tão elevada contribuem para dignificar António Fragoso e a Pocariça, António Canteiro e Dina Lopes”, felicitando-os “pela qualidade dos trabalhos preconizados, por meio da pintura e por meio da literatura”.
Por outro lado, o escritor António Tavares, romancista galardoado e vencedor do Prémio Leya 2015 realçou “a grandiosidade do feito alcançado por António Canteiro”, feito este que já havia assinalado como “merecedor de ser vertido em texto: a história trágica deste ilustre músico, que António Canteiro soube com mestria, enorme engenho e hábil arte da escrita que muito bem domina, traduzir ao longo das muitas páginas de Nocturno”. António Tavares contou também com a “colaboração de José Castela e Cândida Ferreira, da Companhia de Teatro Bonifrates, na leitura de diversos excertos previamente selecionados da obra”.
O autor António Canteiro, visivelmente emocionado, partilhou com os elementos da mesa e todos os presentes “a dificuldade que sentiu perante tamanha responsabilidade. Mas o peso da responsabilidade traduziu-se na vontade de poder contribuir para que muitos mais conheçam quem foi António Fragoso, o bucólico músico que tanto gostava da sua Pocariça, e que comportava consigo essa aura de genialidade musical”, por isso, “preparei-me, conversei, vivenciei ambientes inspiradores que em muito contribuíram para que “Nocturno” das palavras se concretizasse”. Reiterou que “muitos foram os contributos que solicitei e procurei para a realização da obra, que pretendia ver retratada fielmente uma época, um lugar e sobretudo esta enorme figura que foi e continua a ser António Fragoso”.
Também Rodolfo Begonha, Dina Lopes e Eduardo Fragoso usaram da palavra, aproveitaram a ocasião para manifestar o seu regozijo pela participação na criação da obra agora publicada.
Recorde-se que a apresentação literária contou com a organização do Município de Cantanhede, em colaboração com a Associação António Fragoso e a Gradiva Publicações, contando ainda com a projeção da obra “Nocturno” em Mi, interpretado pela Orquestra António Fragoso, e com a interpretação de “Cantigas do Campo” de António Fragoso, ao piano por Tiago Baptista.
António Canteiro, pseudónimo de João Carlos Costa da Cruz, nasceu em S. Caetano, em 1964. Vive atualmente em Febres, Cantanhede.
Na área do romance publicou vários livros que foram premiados: Parede de Adobo (CSPSC) recebeu Menção Honrosa do Prémio Carlos de Oliveira, em 2005; Ao Redor dos Muros (Gradiva Publicações) venceu o Prémio Alves Redol, em 2009; Largo da Capella (Gradiva Publicações) obteve a Menção Honrosa do Prémio João Gaspar Simões, em 2011; Logo à Tarde vai Estar Frio (Gradiva Publicações) foi galardoado com Menção Especial do Júri, no Prémio João José Cochofel/Casa da Escrita de Coimbra, e vencedor, em 2015, do Prémio Maria Amália Vaz de Carvalho; A Luz Vem das Pedras (Gradiva Publicações) obteve, em 2015, o Prémio Alves Redol; Vamos Então Falar de Árvores (Editora Húmus) venceu ex aequo o Prémio Bento da Cruz, em 2018. Na área da poesia, O Silêncio Solar das Manhãs (Gradiva Publicações) venceu o Prémio Nacional de Poesia Sebastião da Gama, em 2013; Na Luz das Janelas Pestanejam as Sombras (Ed. LASA) arrecadou o Prémio de Poesia de Bocage, em 2015; A Casa do Ser (Gradiva Publicações) recebeu o Prémio de Poesia de Bocage, em 2018; Não Fosse o Tumulto de Um Corpo, poesia inédita, venceu o Prémio Literário António Cabral 2019.
A sua obra mais recente, Nocturno, foi o romance vencedor do Prémio Literário Ferreira de Castro, em 2020.
Dina Lopes, autora da pintura da capa, nasceu em Anadia, em 1972. Licenciou-se em Pintura na ARCA – Escola Universitária das Artes de Coimbra, em 1998. Tem realizado várias exposições coletivas e individuais em Portugal e no estrangeiro, tendo desenvolvido uma técnica muito própria que nos leva a viajar no Tempo e no Espaço através da sobreposição de Imagens e Transparências. Algumas das suas obras fizeram parte dos cenários da RTP Internacional, em 2001. Entre outras ilustrações contam-se a da capa do CD «Coimbra no Outono da Voz», de António de Almeida Santos (2002), e de livros e jogos didáticos entre 2003 e 2008. Está representada em coleções públicas (Assembleia da República e Câmara Municipal de Cantanhede), bem como em coleções privadas em Portugal e noutros países.