O secretário-geral da NATO acusou a Rússia de esconder a realização de exercícios militares e mostrou-se preocupado com o aumento da presença militar de Moscovo no Báltico e no Mediterrâneo, o que parece estar associado à intervenção na Síria.
Durante a realização de exercícios, é normal o convite a outros Estados para enviarem observadores, uma forma de revelar transparência nas intenções com que as manobras são efetivadas. No entanto, assim não está a acontecer com a Rússia, segundo as declarações de Jens Stoltenberg à Euronews, no âmbito do exercício “Trident Juncture”, que terminou sexta-feira em Portugal: “Estou preocupado porque vimos que a Rússia começou a praticar muitos exercícios surpresa. Os observadores não são convidados para esses exercícios o que reduz, obviamente, a previsibilidade e a transparência”.
O secretário-geral da NATO aponta também a maior presença militar russa no Báltico e no Mediterrâneo: “É algo a que os peritos chamam de anti-acesso, negação de área. Significa que a Rússia deslocou diferentes sistemas de armas, diferentes capacidades, que pretendem negar o acesso de outras forças à área. Isso irá reduzir a nossa capacidade de reforço em caso de necessidade”.
Este último bloco de declarações parece estar associado ao reforço militar russo na Síria, em particular devido ao envio de mísseis antiaéreos S-300 e S-400, uma medida que está a levantar questões no Ocidente, uma vez que os rebeldes sírios ou do Estado Islâmico não dispõem de aeronaves.
No entanto, como peritos militares apontam, a presença destes sistemas de armas, associados a radares, permitem o controlo total do espaço aéreo sírio, o que significa que qualquer avião ocidental que cruze aquela área, no âmbito do combate ao IS, será de imediato detetado ou terá antes que comunicar o movimento aos russos ou ao Estado sírio..
A presença destas acaba também por pôr em causa a liberdade de movimentos da aviação do Estado de Israel, um dos mais importantes aliados do Ocidente na área.
Fonte JN