Cerca de 35.000 manifestantes, segundo os organizadores, desfilaram ontem contra o racismo em Dresden, capital da Saxónia e bastião da extrema-direita alemã, a uma semana de eleições muito antecipadas nesta região da ex-RDA.
Sob o lema “Solidariedade em vez de rejeição: por uma sociedade aberta e livre”, os manifestantes, incluindo ativistas de organizações não-governamentais, artistas, sindicalistas e responsáveis políticos da aliança #Unteilbar (Indivisível) começaram a desfilar pouco depois das 14:00 locais (13:00 em Lisboa).
A mobilização parece ter ultrapassado as expectativas dos organizadores da concentração na cidade, uma das mais turísticas do leste da Alemanha, que antes do início da manifestação diziam esperar pelo menos 10.000 participantes.
“O racismo não é uma alternativa” e “Não há lugar para os nazis” lia-se em alguns dos cartazes empunhados pelos manifestantes.
“Há muitas pessoas na Alemanha comprometidas com a diversidade”, disse à agência France Presse Janna Rakowski, uma professora de 27 anos, que se deslocou de Berlim.
Susann Riske, a porta-voz dos organizadores, indicou: “Queremos fazer qualquer coisa contra o clima político (atual) e apoiar as pessoas que diariamente se opõem ao ódio e à violência”.
“As pessoas estão muito insatisfeitas (…) Os grandes partidos sabotaram as suas expectativas”, considerou uma reformada de Dresden, Greta Schmidt, 66 anos, presente na manifestação com o cartaz “Avós contra (a extrema) direita”.
O contexto é de tensão numa altura em que as sondagens prevêem um novo sucesso eleitoral do partido anti-migrantes Alternativa para a Alemanha (AfD) nos escrutínios de 1 de setembro, na Saxónia e no Estado vizinho de Brandemburgo.
Segundo os últimos inquéritos de opinião, a AfD ficará em segundo lugar no seu bastião saxão, atrás dos conservadores de Angela Merkel. Com intenções de voto à volta dos 24%, poderá mais que duplicar o resultado em relação a 2014.
A AfD tem vindo a crescer contando com as preocupações dos alemães depois do afluxo de mais de um milhão de refugiados ao país em 2015 e 2016 e conseguiu entrar no parlamento nas legislativas de 2017.
Lusa / Madremedia