O Museu da Língua Portuguesa (MLP), em São Paulo, cujas instalações arderam parcialmente segunda-feira, tinha programado para 2016 uma exposição sobre José Saramago, depois de já ter feito mostras sobre Agustina Bessa-Luís e Fernando Pessoa.
Por ocasião da sua inauguração, em 2006, a então ministra da Cultura, Isabel Pires de Lima, defendeu o estreitamento de relações com o MLP e o estabelecimento de parcerias. O ministro seguinte, José António Pinto Ribeiro, quis replicar o modelo em Lisboa, no Museu de Arte Popular, em Belém.
Pouco depois, em agosto desse ano, o então primeiro-ministro José Sócrates visitou as suas instalações e em novembro foi a vez do Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva.
O MLP tem um protocolo de cooperação com o Museu Nacional da Imprensa, de Portugal.
A unidade museológica ocupa instalações antigas da Estação da Luz, uma das principais da cidade, construída em 1901, com um movimento diário de 300.000 pessoas, e é um dos cartões-de-visita de São Paulo.
A zona afetada especificamente corresponde a três andares, com uma área total de 4.333 metros quadrados, tendo mobilizado um investimento de 14,5 milhões de euros.
A cidade de São Paulo foi escolhida para albergar o museu porque reúne a maior população de falantes da língua portuguesa no mundo, estimada em mais de 10 milhões de pessoas.
A instituição apresenta a história, a importância e as variações da língua portuguesa, cursos e eventos para professores, estudiosos e o público em geral.
O incêndio ocorrido na segunda-feira destruiu quase totalmente as instalações do Museu, mas o governador do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin, já garantiu que vai ser reconstruído.
Alckmin visitou o museu, ao final da tarde, para avaliar os danos causados e confirmou que o acervo é digital e foi preservado porque a instituição tem cópias das obras.
Ronaldo Pereira da Cruz, um dos bombeiros que trabalhava no local e tentou controlar as chamas, morreu na sequência de uma paragem cardiorrespiratória, após ter sido internado num hospital da cidade.
Em Portugal, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, declarou à Agência Lusa que recebeu “com consternação” a notícia do incêndio, exprimiu “solidariedade” com os envolvidos e lamentou a morte verificada.
Desde que abriu ao público, o Museu da Língua Portuguesa já recebeu mais de três milhões de visitantes.
Fonte: Lusa