O poeta Manuel Resende nascido em 1948, no Porto, morreu hoje, em Lisboa, disse a editora do autor, Livros Cotovia, que o define como “um dos maiores poetas portugueses”.
Manuel Resende “dedicou grande parte da vida à poesia, quer como autor, quer como tradutor”, recorda a editora.
A “Poesia Reunida” do escritor, que juntou os seus livros editados e alguns inéditos, foi publicada em 2018, “70 anos depois de ter nascido, e 50 anos depois do Maio de 68”, como disse então Manuel Resende.
A antologia inclui igualmente alguns textos que atribuiu a um heterónimo — Mika Ahtisaari, nascido em 1960, na Finlândia — que confessou ao Jornal de Letras Artes & Ideias (JL) tratar-se de “um heterónimo que a certa altura” arranjou, sem nunca desenvolver muito.
Nessa entrevista, considerou o Maio de 68, como símbolo da sua geração: “Tinha na altura 20 anos. Marcou-me muito”.
Licenciado em Engenharia, que nunca exerceu, era apontado como um especialista em grego moderno, tendo sido uma das suas últimas traduções os poemas completos de Konstantínos Kaváfis.
Foi também tradutor de obras como “A Caça ao Snark”, de Lewis Carroll, “Contos”, de Saki, “A Ronda”, de Arthur Schnitzler, “Crítica da Razão Cínica”, de Peter Sloterdijk, e, entre outros, dos “Contos”, de Katherine Mansfield, em colaboração com Francisco Vale e Graça Vilhena.
Considerava um ensaio de Jacques Rougerie, sobre a Comuna de Paris, publicado em 1971, a sua primeira tradução “a sério”, como disse na entrevista ao JL.
Trabalhou como jornalista durante seis anos, no Jornal de Notícias, e foi tradutor de instituições da União Europeia.
Literariamente estreou-se em 1983, com “Natureza Morta com Desodorizante”.
Sobre este livro disse: “Dei-lhe esse título para não dizer coisa nenhuma. Foi o mais esquisito que consegui arranjar. Há naturezas-mortas com violinos, açucenas, frutas… A minha tem um desodorizante”.
Na sua obra, destacam-se ainda “Em Qualquer Lugar” (1998) e “O Mundo Clamoroso, Ainda” (2004).
Lusa
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