O escultor João Cutileiro morreu hoje, aos 83 anos, disse à Lusa a diretora regional de cultura do Alentejo.
Segundo Ana Paula Amendoeira, João Cutileiro estava internado num hospital de Lisboa com graves problemas do foro respiratório.
João Cutileiro é autor do Monumento ao 25 de Abril, instalado no Parque Eduardo VII, em Lisboa, entre muitas outras obras.
Iniciou-se nas artes em ateliês de diversos mestres e, depois de uma breve passagem pela Escola de Belas Artes de Lisboa, rumou, por indicação de Paula Rego, à Slade School of Art, em Londres (Inglaterra), onde se diplomou.
No início dos anos 60, Cutileiro regressou a Portugal, subvertendo os cânones da estatuária do Estado Novo, intervindo no espaço público com projetos de arte urbana marcada pelo experimentalismo.
O intimismo, o erotismo e o amor são os principais temas da sua obra escultórica. Reconhecido nacional e internacionalmente, o ‘mestre’ Cutileiro foi galardoado com vários prémios e as suas obras estão expostas em todo o mundo.
João Cutileiro foi condecorado com a Ordem de Sant’Iago da Espada, Grau de Oficial, em agosto de 1983, e recebeu o Doutoramento Honoris Causa pela Universidade de Évora e pela Universidade Nova de Lisboa, este último, concedido em 2017.
Em 2018, Cutileiro recebeu a medalha de mérito cultural, atribuída pelo Governo, numa cerimónia no Museu de Évora que serviu igualmente para formalizar a doação do espólio do escultor ao Estado português.
Cutileiro viveu e trabalhou em Évora desde 1985. Frequentou os ateliês de António Pedro, Jorge Barradas e António Duarte de 1946 a 1950, tendo feito a sua primeira exposição individual (“Tentativas Plásticas”) em 1951, com 14 anos, em Reguengos de Monsaraz, onde apresentou esculturas, pinturas, aguarelas e cerâmicas.