Morreu o antigo Presidente da República, Jorge Sampaio

O ex-chefe de Estado estava internado devido a problemas cardíacos.

O antigo Presidente da República Jorge Sampaio morreu hoje aos 81 anos, disse à agência Lusa fonte da família.

O ex-chefe de Estado sentiu dificuldades respiratórias no dia 27 de agosto, quando estava no Algarve, mas foi transferido para Lisboa.

Jorge Fernando Branco de Sampaio nasceu em Lisboa a 18 de setembro de 1939. Filho de Arnaldo Sampaio, um conhecido médico de saúde pública, e de Fernanda Bensaúde Branco de Sampaio, uma professora particular de inglês, recebeu dos pais uma educação esmerada, cujos valores sempre cultivou e aprofundou ao longo da vida. Na sua formação teve também um papel relevante a atriz Mariana Rey Monteiro, sua educadora de infância.

Por razões profissionais, o pai teve longas ausências do país, vivendo nos Estados Unidos e em Inglaterra, nunca prescindindo de levar a família consigo. Estas experiências e contactos com dois tipos de sociedade muito diferentes do estilo de vida e do pensar dominante no Portugal de Salazar marcaram profundamente o jovem Jorge Fernando de Sampaio. Pela influência do pai, muito cedo criou pensamento próprio e ideias claras sobre a gestão política do país.

Paralelamente, recebeu da mãe uma educação tipicamente britânica, relevando os valores da tolerância, o sentido da solidariedade, o rigor nas formas de atuar, e a disciplina do trabalho. Desde a infância foi-lhe incutido o gosto pela música, e a correspondente formação, nomeadamente como executante de piano. O gosto pela política parece ter-lhe sido transmitido pelos genes do avô materno, Fernando Branco, que foi ministro dos Negócios Estrangeiros no início do século XX, na I República, pela mão de Manuel Teixeira Gomes.

Quando terminou a escola primária os pais quiseram que entrasse para o Colégio Militar, mas o miúdo reprovou nas provas de acesso àquela instituição. Foi aluno médio, quer nos estudos secundários nos liceus Pedro Nunes e Passos Manuel, quer na Faculdade de Direito da Universidade Clássica de Lisboa, onde se licenciou em 1961.

Na faculdade impôs-se como ativista político contra o regime do Estado Novo. Candidatou-se à presidência da Associação de Estudantes da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa no ano letivo de 1960/61, eleição que ganhou por apenas um voto. Foi ainda secretário-geral da Reunião Inter-Associações Académicas no ano letivo seguinte.