Alberto da Ponte morreu este sábado, vítima de cancro. Tinha 64 anos e uma vasta experiência nacional e internacional na área do grande consumo.
Nascido a 18 de junho de 1952, em Alvalade, Lisboa, Alberto da Ponte foi presidente da RTP entre 2012 e 2015.
Licenciou-se em Ciências Económicas e Financeiras, em 1975, pelo Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG) e tirou o Curso Superior de Finanças, na Harvard Business School (Boston), em 1999. Na década de 90, desempenhou funções de administração no grupo Jerónimo Martins.
Entre 2004 e 2012, o gestor desempenhou a função de presidente executivo da Sociedade Central de Cervejas e Bebidas (SCC), dona da Água do Luso e responsável pela produção e comercialização de marcas como a Sagres, Guiness ou Schweppes.
O mandato do gestor à frente da RTP, que iniciou depois de abandonar a presidência da SCC, ficou marcado por várias polémicas: o despedimento de Nuno Santos, no caso que ficou conhecido como “brutosgate” (e que viria posteriormente a um retratamento público do então presidente, num acordo extra judicial conseguido antes do duelo ir para tribunal), e os desentendimentos e braço de ferro final com o então ministro da tutela Poiares Maduro, que levou à renúncia do mandato na RTP há precisamente dois anos.
Considerado um homem de verbo fácil, Alberto da Ponte era também um homem polémico. Numa célebre entrevista à Notícias TV afirmou que na RTP havia “gente que não trabalha puto”. Uma afirmação proferida em plena fase de reestruturação interna na empresa e que não caiu bem internamente.
Com uma visão “competitiva” do serviço público, acreditava que a RTP só poderia ser relevante com audiências, o que levou a que o Conselho Geral Independente, liderado por António Feijó, assim que foi empossado, tenha deixado claro que Alberto da Ponte não era o homem certo para a missão de recuperar a estação, propondo a sua destituição após ter chumbado o Projeto Estratégico apresentado pelo gestor.
Desde que saiu da RTP, Alberto da Ponte presidia a mesa da assembleia-geral da Sociedade Central de Cervejas e Bebidas, assumindo apenas funções de consultoria. Fazia ainda parte, desde 2005, do comité consultivo da The Fladgate Partnership, empresa responsável pela produção e comercialização de vinho do Porto de marcas como Taylor’s, Fonseca e Croft.
JN