Instituições de solidariedade social são proprietárias de cerca de metade dos recintos que existem no país.
A União das Misericórdias Portuguesas assina este sábado em Estremoz um protocolo com a Federação Portuguesa das Associações Taurinas – Prótoiro. Objectivo: dinamizar as cerca de três dezenas e meia de praças de touros que se encontram nas mãos das misericórdias. Em Portugal existem cerca de 70 recintos do género.
“Esta é uma etapa que há muito se justificava, até porque as misericórdias são proprietárias da maioria das praças de touros em Portugal”, refere uma nota de imprensa, que adianta ainda que a União das Misericórdias passa a integrar a direcção da Prótoiro, “consolidando desta forma a centenária ligação à tauromaquia” destas instituições.
Dizendo-se ciente do melindre que pode suscitar esta iniciativa por parte daqueles que se opõem às actividades tauromáquicas, o presidente da União das Misericórdias Portuguesas, Manuel Lemos, explica que as três dezenas e meia de recintos em causa se situam em regiões onde este tipo de actividades tem forte implantação: o Ribatejo, a Beira Baixa e o Alentejo.
“Antes de o Estado social existir, o povo construiu estas praças para que as misericórdias pudessem exercer a sua missão social e humanitária com as receitas destes espectáculos. Eram a sua principal fonte de rendimento”, explica Manuel Lemos. “Sei que este é um problema delicado, mas temos uma história e não podemos fazer de conta que ela não existe. Esta manifestação cultural faz sentido nalgumas regiões do país”.
Já o presidente da Prótoiro, Paulo Pessoa de Carvalho, explica a importância deste passo: “Ter à mesma mesa o representante da maioria dos proprietários de praças de touros em Portugal, juntamente com todos os restantes stakeholdersda tauromaquia portuguesa”, o que permitirá “pensar de modo mais abrangente e profundo o sector da cultura tauromáquica portuguesa, a estratégia de desenvolvimento do mesmo e o seu impacto social”.
A ideia, explica Hélder Milheiro, da mesma organização, é “criar sinergias para desenvolver a actividade tauromáquica e a acção social”, fazendo por exemplo reverter as receitas para lares de idosos, exemplifica.
O protocolo será assinado na arena da praça de touros de Estremoz, imediatamente antes do início da tradicional corrida promovida pela União das Misericórdias Portuguesas.
Entretanto, a plataforma antitaurina Basta anunciou nesta sexta-feira, Dia da Criança, ter conseguido cancelar um espectáculo tauromáquico em Vargem, no concelho de Portalegre, no âmbito do qual estava prevista a actuação de menores. “O evento ilegal foi denunciado à Comissão Nacional de Promoção dos Direitos e Protecção das Crianças e Jovens e à Inspecção Geral das Actividades Culturais, por não estar devidamente licenciado e por existir sério risco para os menores”, referem os activistas.
Público