O autarca transmontano destaca a valorização da “alta costura internacional” ao escolher a tradição do Planalto Mirandês para a fazer circular pelo mundo.
“Este desafio do estilista Christian Louboutin teve como ponto de partida a tradicional capa de honras mirandesa, que começa a ser fonte de inspiração para vários estilistas de renome, tanto nacionais como internacionais”, frisou Artur Nunes.
Para o autarca, este tipo de iniciativa é uma “mais-valia” que serve para promover os produtos e a origem do artesanato do território.
Na opinião de Artur Nunes, Christian Louboutin “é uma referência mundial da moda e pode ser fonte inspiradora para outros criadores começarem a olhar para os produtos das diversas regiões portuguesas”, como é caso de Miranda do Douro, no distrito de Bragança.
Também o estilista português Nunes Gama já se tinha inspirado na capa de honras mirandesa, para a apresentação da sua coleção durante a Moda Lisboa 2018.
Mais recentemente, o Papa Francisco vestiu uma capa de honras oferecida pelo município de Miranda do Douro.
“É para nós uma satisfação que, através de uma peça de vestuário como é a capa de honra mirandesa, termos chegado tão longe através de uma das peças de vestuário tradicional que estava um pouco esquecida nestas terras transmontanas e que agora começa a ser altamente valorizada em termos internacionais”, observou o responsável municipal.
No concelho de Miranda do Douro, com base em técnicas ancestrais, criatividade e inovação, os tecidos de pardo, burel, saragoça, serrobeco e linho, são transformados em trajes regionais, peças de vestuário e adereços de moda, que são desenhados, bordados e recortados à mão, com destaque para a famosa capa de honras mirandesa, considerada a peça de vestuário mais ilustre do Planalto Mirandês.
No concelho de Miranda do Douro ainda há diversas artesãs e artesãos a trabalhar o pardo e o burel.
De acordo com o historiador António Rodrigues Mourinho, a origem da capa de honras mirandesa remonta aos séculos IX ou X, portanto medieval, tendo origem na “capa de chiba” que, traduzido do espanhol para português, quer dizer “capa de cabra”.
Segundo o historiador, apesar de se pensar que esta peça ‘sui generis’ ser de origem medieval, só há dois documentos conhecidos até agora que referem este tipo de capa e são datados de 1819 e 1828.
Lusa