Tiago Brandão Rodrigues escolheu a escola secundária da Baixa da Banheira, uma “escola pública onde existem imensas exigências”, para a sua primeira intervenção pública
É um dos dossiês mais urgentes em cima da mesa do novo ministro da Educação e a decisão será conhecida até ao final da semana, prometeu esta segunda-feira Tiago Brandão Rodrigues. Escolas, alunos e pais ficarão a saber que tipo de avaliação vai substituir os exames nacionais do 4.º ano, cujo fim foi aprovado no mês passado por todos os partidos de esquerda no Parlamento. E ficarão também a conhecer quais as ideias do ministro para os restantes anos de escolaridade.
“Todo o processo de avaliação está a ser estudado e ao longo desta semana teremos informação para fazer chegar à comunidade educativa, em tempo útil e que não vai interferir com o funcionamento das escolas”, declarou Tiago Brandão Rodrigues, explicando logo a seguir que será apresentada uma “solução integrada de avaliação e aferição”, que inclui ainda o tipo de testes a realizar no 6.º e no 9.º anos e ainda a avaliação na disciplina de Inglês, que é atualmente feita através dos testes de Cambridge.
No caso do 4.º ano, cuja avaliação muda já este ano letivo, a alternativa será a recuperação das provas de aferição, que não contam para a nota final. E que tanto podem ser aplicadas ao universo dos alunos como a uma amostra. Ambos os modelos já foram experimentados antes. No caso do 6.º e do 9.º anos, António Costa já disse que o fim dos exames a Português e Matemática nestes níveis de ensino não estava a ser equacionado.
Outra das medidas do legado do ex-ministro Nuno Crato que também está em reavaliação e que será alvo de novidades em “breve” prende-se com as metas curriculares. “É outra das preocupações que temos”, admitiu Tiago Brandão Rodrigues. As metas consistem num descritivo dos objetivos detalhados a atingir pelos alunos em cada disciplina e ano de ensino. E o tema será discutido também no final da semana na Assembleia da República, com o PCP a recomendar a sua suspensão.
A IMPORTÂNCIA DA ESCOLA PÚBLICA, DAS ARTES E DO DESPORTO
Naquela que foi a sua primeira intervenção pública enquanto ministro da Educação, o novo responsável da pasta não trouxe anúncios nem novidades, mas o discurso é claramente diferente do seu antecessor no Governo de Passos Coelho.
Em vez de falar nas disciplinas “fundamentais” como a Matemática e o Português, como fazia muito Nuno Crato, insistiu na importância de “competências transversais”, das “artes, do desporto e das ciências experimentais”.
Mesmo a escolha da escola não foi indiferente. Localizada no bairro do Vale da Amoreira, no concelho da Moita, a secundária da Baixa da Banheira é o caso típico de uma escola que luta contra as adversidades do meio. Os pais dos alunos têm em média oito anos de escolaridade, quase metade das famílias são apoiadas pela ação social escolar e as pequenas conquistas começam muitas vezes por convencer os alunos a entrar da escola e nas salas de aula, admite o diretor José Lourenço.
“Viemos aqui porque é preciso conhecer a escola pública que temos, ouvir os professores – o ministro fez questão de se reunir com o corpo docente durante meia hora, à porta fechada -, identificar os desafios. Ao contrário da ideia de facilitismo, esta é uma escola onde existem imensas exigências e preocupações”, justificou o ministro no final, insistindo na importância da “escola pública” e do “serviço nacional de educação” como motores da “mobilidade social”. Nesse sentido, insistiu, o combate ao abandono escolar a promoção do sucesso são as suas “prioridades” para o mandato.
Fonte: expresso