A ministra da Agricultura, Maria do Céu Albuquerque, esteve na passada terça-feira em Cantanhede, onde cumpriu uma etapa da Agenda de Inovação para a Agricultura, iniciativa que visa “construir condições de valorização de cada território através de estratégias consentâneas com os valores, as necessidades e as oportunidades locais, integrando-as no que será a estratégia global do país”.
A ministra visitou a Adega Cooperativa de Cantanhede e a unidade agroindustrial da empresa Maçaricos, a que se seguiu um encontro com agentes do setor agrícola de vários municípios da região no auditório do Biocant Park, no qual participou a presidente da Câmara Municipal, Helena Teodósio.
Maria do Céu Albuquerque apontou como principal objetivo da Agenda de Inovação “a melhoria da competitividade da agricultura nacional, tornando-a mais capaz de conquistar quer o mercado nacional, quer novos mercados internacionais”, adiantando que se pretende também“garantir que o agricultor seja recompensado de forma justa e equilibrada pelo seu trabalho e assegurar que a qualidade dos produtos agrícolas nacionais seja cada vez mais reconhecida”.
“Fomentar a crescente qualidade das produções agrícolas e sensibilizar a população para o consumo da produção nacional, incentivando a procura dos produtos da época” são algumas das apostas enunciadas pela ministra, que realçou também “a importância do estímulo ao comércio de proximidade, de modo a criar cadeias curtas de mercado local, evitando assim intermediação e alargando por essa via as oportunidades para pequenos e médios agricultores”.
Já a edil cantanhedense declarou “o maior empenhamento da autarquia em contribuir para o reforço da competitividade da agricultura e pecuária da região”, aludindo ao facto de “as exigências do setor serem cada vez maiores, a começar pelo aumento generalizado dos custos dos fatores de produção, ao mesmo tempo que os agricultores se veem confrontados com crescentes dificuldades em obterem valores justos pela venda dos seus produtos, pelo resultado do seu trabalho”.
Helena Teodósio enalteceu a criação do Estatuto da Agricultura Familiar, “pois trata-se efetivamente de uma modalidade de organização de atividades produtivas que oferece vantagens apreciáveis”, mas considera-o demasiado restritivo “relativamente à obrigatoriedade de pelo menos metade da mão de obra ser familiar. Conhecendo como conheço a realidade do setor no concelho de Cantanhede, muitos agricultores que praticam um tipo de agricultura eminentemente familiar não vão poder beneficiar desse estatuto pois têm de recorrer a trabalhadores fora do âmbito da família. Creio que faz sentido reavaliar este aspeto, ampliando um pouco o recurso a mão de obra não familiar”, sugeriu a autarca.
Mais, Helena Teodósio defendeu “a criação de mecanismos que propiciem o reforço da competitividade das explorações agrícolas e pecuárias para os produtores poderem enfrentar uma lógica de mercado que lhes tem sido muito adversa devido sobretudo aos preços praticados por quem domina os circuitos de distribuição. É que, se isto é um grande desafio no contexto das grandes áreas de exploração agrícolas, mais premente se torna ainda no regime de minifúndio como o que caracteriza o tipo de propriedade do concelho de Cantanhede”.