Paraquedista ficou ferido com estilhaços de granada durante operação de cerco a radicais islâmicos em Bangui, na República Centro Africana.
O comandante Pedro Coelho Dias, porta-voz do Estado-Maior das Forças Armadas (EMGFA) afirmou que o militar português “sofreu ferimentos ligeiros”.
O soldado integrava o grupo de 120 militares portugueses que esta madrugada, em conjunto com outras forças militares e policiais ao serviço da ONU na República Centro Africana (RCA), cercaram o bairro PK5 no 3º distrito de Bangui.
O militar “está bem”, disse ao DN o porta-voz do EMGFA, tendo-lhe sido retirados os estilhaços de granada ofensiva alojados na omoplata direita. Nas próximas horas será observado no hospital, devendo fazer radiografias, adiantou o comandante Coelho Dias.
O porta-voz do EMGFA adiantou que o ferido deve permanecer em Bangui, uma vez que os ferimentos ligeiros parecem dispensar a necessidade de regresso a Portugal para observação ou tratamentos mais aprofundados.
A operação robusta desta madrugada visou tomar de assalto os edifícios e locais utilizados pelo grupo que controla o PK5 e que há dias atacara uma patrulha portuguesa.
Foram detidos quatro membros do grupo criminoso e destruídas várias viaturas, além da apreensão de material e armamento diverso, adiantou o EMGFA em comunicado.
Recentemente, no dia 31 de março, uma patrulha constituída por militares portugueses na missão da ONU na República Centro-Africana foi atacada, em Bangui, por um grupo armado.
Nesse dia, os militares portugueses realizavam uma patrulha de rotina no terceiro distrito da capital da República Centro-Africana, quando, pelas 19:10 locais, foram alvejados por tiros de armas ligeiras, disparados por um grupo armado que “utilizou a população civil (mulheres e crianças) como escudo humano” para se proteger.
“Logo que esclarecida a situação e com alvos bem definidos, constituídos por elementos armados que disparavam, os militares portugueses abriram fogo controlado sobre os mesmos e largaram gás lacrimogéneo, tendo como resultado a desorganização das posições de tiro e a fuga dos elementos do grupo armado”.
Segundo a France Presse, este foi o primeiro ataque contra os ‘capacetes azuis’ no PK5, um bairro comercial de maioria muçulmana de Bangui, desde o reacendimento da violência naquela zona em finais de 2017.
A República Centro-Africana é um país atormentado por um conflito desde 2013.
As autoridades centro-africanas apenas controlam uma pequena parte do território nacional. Num dos países mais pobres do mundo, vários grupos armados disputam províncias pelo controlo de diamantes, ouro e gado.
Portugal integra a MINUSCA. No início de março, a 3.ª Força Nacional Destacada (FND) partiu para a República Centro-Africana: um contingente composto por 138 militares, dos quais três da Força Aérea e 135 do Exército, a maioria oriunda do 1.º batalhão de Infantaria Paraquedista.
Estes militares juntaram-se aos 21 que já estavam no terreno, sediados no aquartelamento de Bangui, desde o dia 18 de fevereiro.
O atual contingente foi substituir a 2.ª FDN, força integrada por um contingente de 156 militares do Exército, na sua maioria do regimento de Comandos, após seis meses de empenhamento nas regiões de Bangui, Bocaranga e Bangassou.
No terreno está também uma missão de treino da União Europeia (European Union Training Mission — EUTM), iniciada em 2014 e que conta atualmente com 14 militares portugueses.
O mapa das FND, divulgado no passado dia 15 de dezembro, prevê que Portugal reforce a missão de treino da UE até 50 militares.
Em janeiro, Portugal assumiu pela primeira vez o comando (durante um ano) da EUTM, onde estão presentes cerca de 170 militares oriundos de 12 países da UE e de estados parceiros.
Em finais de Março, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, visitou a força portuguesa que integra a MINUSCA e os militares que comandam a missão de treino na União Europeia.
Lusa
Imagem: PEDRO ROCHA / GLOBAL IMAGENS