Ministra da Saúde demite-se na sequência da crise nas urgências. O primeiro-ministro garantiu que o Governo prosseguirá as reformas no SNS.
A ministra da Saúde, Marta Temido, apresentou esta terça-feira a demissão “por entender que deixou de ter condições para se manter no cargo”.
O primeiro-ministro recebeu o pedido e aceitou-o. António Costa agradece “todo o trabalho desenvolvido” por Marta Temido, “muito em especial no período excecional do combate à pandemia”.
Numa nota enviada às redações, o primeiro-ministro disse que o Executivo irá prosseguir “as reformas em curso tendo em vista fortalecer o SNS e a melhoria dos cuidados de saúde prestados aos portugueses”.
A demissão de Marta Temido acontece poucas horas depois de ter sido tornado público o caso de uma grávida que morreu, na passada terça-feira, depois de se ter deslocado à urgências do hospital de Santa Maria e, por falta de vaga, ter sido transferida para o Francisco Xavier. Durante a viagem, sofreu uma paragem cardiorrespiratória.
Este caso é o mais recente na crise das escalas de verão nos hospitais, que provocou constrangimentos e encerramento em várias urgências de obstetrícia de todo o país.
Recorde-se que esta situação levou o Governo a criar um novo regime remuneratório para os médicos que fazem urgências, permitindo aos hospitais pagar mais aos médicos dos quadros pelas horas extraordinárias.
Na passada quinta-feira, Marta Temido tinha afirmado que a falta de médicos no SNS se devia sobretudo a decisões tomadas nos anos 80 e que o Governo estaria a trabalhar para que, no futuro, a situação não se repetisse.
A ministra da Saúde, agora demissionária, afirmou que o número de médicos “desadequado” não é resultado de uma escolha “de hoje, de ontem ou do ano passado”.
“É de uma escolha feita há várias décadas, nos anos 80, quando o acesso aos cursos de medicina estava altamente limitado, o que levou a que tivéssemos agora, durante alguns anos, o reflexo dessa escolha”.
No início do mês de agosto, a ministra chegou a pedir a diretores de serviços de hospitais para que cancelassem as férias aos médicos. A ideia de Marta Temido seria assim tentar resolver os problemas falta de profissionais nos serviços de urgência e obstetrícia.
Em junho, o primeiro-ministro chegou a ser interpelado pelos partidos da oposição sobre um possível afastamento de Marta Temido. Na altura, António Costa desvalorizou a situação, dizendo tratar-se de um pedido “clássico da oposição”.
SIC Notícias