30.5.2023 –
Atualmente é Eurodeputada. Mas, Marisa Matias, dentre outras tarefas que desempenhou, também já participou como candidata do BE nas Presidenciais de 2016, tendo ficado em terceiro lugar. Na segunda-feira, 29 de Maio, veio a Mira, para dar uma palestra na Escola Maria Cândida, sob o tema “Igualdade de género: os sonhos são para se cumprir”…
É ali que, aparentemente, ela se sente bem e à vontade: perante uma plateia bem composta e jovem, Marisa Matias dissertou sobre os atropelos aos direitos das mulheres e sobre a necessidade de, o quanto antes, acelerarem-se os processos que pretendem, um dia, conseguir colocá-las em pé de igualdade com os homens, seja em que situação for.
Começando por explicar que esta é “uma luta com muitos séculos que, finalmente, começou a ganhar espaço na sociedade portuguesa”, a ex-candidata presidencial, mesmo assim, não deixou de alertar para a disparidade salarial ainda hoje existente, entre homens e mulheres que desempenham as mesmas funções nos mesmos locais de trabalho. Lembrou, ainda que as mulheres“normalmente são obrigadas a abdicar do trabalho, quando existem alterações familiares. Como resultado, quando chega-se à altura da reforma, elas cabam por ganhar somente metade da reforma que os homens recebem…”
Marisa Matias deu, ainda, exemplos “de mulheres que são obrigadas a casar, o que se configura, também, em uma violência de género” mas, em contrapartida, alertou que, no dia a dia, “a nova geração já não aceita as falácias machistas como a minha geração ainda aceitava” sendo, esta constatação, um verdadeiro motivo de regozijo.
Apesar das sociedades mais abertas, como é o caso da portuguesa, “terem introduzido a igualdade na legislação”, para ela, “falta colocá-la na prática de forma mais célere”, embora perceba que os passos que estão a ser dados dentro das inúmeras comunidades que compõem a sociedade global, acabam por ser dados seguindo a ordem natural, visto que a “sociedade patriarcal, que leva homens a agredirem e, mesmo, matarem as mulheres, ainda existe e, não somente pelo lado dos homens… há mulheres que, ainda hoje, justificam o sofrimento a que foram sujeitas ao longo de uma vida!”.
Definindo Angela Merkel como “importantíssima” no que se refere à competência e ao exemplo de que mulheres e homens podem ter o mesmo estatuto, também não deixou de notar que Sanna Marin (Finlândia), Jacinda Ardern (Nova Zelândia) e Nicola Sturgeon (Escócia) “foram 3 primeiras-ministras que deixaram seus cargos somente neste ano… porque não suportaram a pressão” a que foram sujeitas no desempenho dos seus cargos.
Sempre a responder às questões colocadas pela plateia (verdadeiramente) interessada no assunto em causa, por vezes com alguma graça, Marisa Matias procurou, do início ao fim, deixar patente a marca da desigualdade dando, como exemplos, “a vítima de violência doméstica que acaba por ter de abandonar a casa, o que é um absurdo” e, também, os “países onde as raparigas são impedidas de irem à escola sendo, esta, uma das primeiras violências que aquelas futuras mulheres recebem” tendo concluído sua apresentação com uma frase forte, que deve ser pensada por todos: “a educação é uma poderosa ferramenta para a verdadeira igualdade entre mulheres e homens!”
Jornal Mira Online