Mariana Mortágua: “Não estamos condenados ao vexame que a maioria absoluta impõe”

27.5.2023 –

A candidata à liderança do Bloco de Esquerda defendeu este sábado que os portugueses não estão condenados ao “vexame” da maioria absoluta e garantiu que o país poderá contar com uma “esquerda intransigente e que sabe fazer as contas que contam”.

Na primeira intervenção na XIII Convenção Nacional do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua deixou críticas ao executivo de António Costa.

“Há um ano sabíamos bem quais eram os riscos de uma maioria absoluta. Prepotência, conluio com os poderes mais opacos deste país, mas não imaginávamos a que ponto chegaria a maldição que é o poder absoluto”, salientou.

A candidata não quis falar em concreto dos “repetidos tiros no pé do Governo”, mas mencionou o que considera ser um “espetáculo horroroso” nas últimas semanas e considerou que o “pântano supera-se com democracia e não com uma chantagem ridícula que acusa de populista qualquer voz crítica do PS ou do Governo”.

Lançou várias críticas ao Governo, acusando-o de “condenar o SNS ao estrangulamento”, de um combate ineficaz contra a inflação e mesmo de “tratar como estúpidas as pessoas que estão a ser empobrecidas”.

“Levar o país a sério é dizer ao povo que não estamos condenados à degradação e ao vexame que a maioria absoluta impõe a Portugal”, afirmou.

Mariana Mortágua garantiu que o Governo terá pela frente “uma esquerda intransigente e que sabe fazer as contas que contam”.

Na opinião da candidata, “o dever da esquerda é recuperar forças, unir as vontades sociais que não desistem de lutar por uma vida boa”.
Mariana Mortágua criticou também o que designa por “necropolítica”. “Face à extrema-direita que vem conquistando posições por toda a Europa, a política do centro são palavras vazias que só alimentam ressentimento e medo”, afirmou Martiana Mortágua, dando os exemplos de António Costa mas também de Emmanuel Macron.
Ambos “evocam o seu poder” como se procurassem vacinar as pessoas contra um virus. Mas, para Mariana Mortágua, “o vírus mais perigoso é esta forma de pisar as pessoas com o empobrecimento, com a desproteção social e com armadilhas, como as dos tratados europeus”.
“É deste ataque à soberania democrática que se alimenta o vírus da direita e, para o combater, a nossa resposta é a segurança da vida das pessoas: igualdade, habitação, saúde, educação, salário, justiça nos impostos“, acrescentou.
RTP