TAL COMO ACONTECE QUINZENALMENTE, AQUI FICA MAIS UMA ENTREVISTA ACORDADA NA NOSSA PARCERIA COM A “POESIA DA BEIRA RIA”. DESFRUTEM…
1 – Perfil do Poeta:
a) Nome: Maria La-Salete Francisca de Sá
b) Profissão: Professora do 1.º Ciclo do Ensino Básico (aposentada)
c) Residente em Espinho
2 – JM. – Como se define em termos de ser humano?
– Sou alguém que aos 62 anos continua a ser criança. Amo a vida, amo as pessoas, AMO… Acredito que a vida não acaba aqui, acredito que sou (somos) imortais, pois a morte é apenas uma porta para outras dimensões. Não pratico nenhuma religião em particular, mas também não sou agnóstica. Faço parte, assim como toda a criação, deste imenso UNIVERSO, sou partícula divina, gota do Oceano da Vida. Sou reikiana, fiz uma abordagem ao toque quântico… Bem ,SOU FELIZ e desejo que todos sejam felizes tanto ou mais do que eu.
3 – JM. – Os autores que mais o marcaram, foram autores poéticos
ou outros? Mencione dois ou três.
– Na poesia e na adolescência Florbela Espanca e Marquesa de Alorna no aspeto mais dramático e Fernando Pessoa no aspeto esotérico/espiritual; Richard Bach e Saint Exupéry na prosa, muito mais tarde.
4 – JM. – De alguma forma estes autores que referiu, o levaram à escrita da poesia? Refira qual o Autor.
– Penso que de todos tive “um empurrão”, o de “poeta fingidor” de Pessoa e a temática “dor e sofrimento” de Florbela, numa primeira abordagem adolescente em que os sentimentos eram sempre descritos e “pseudo-sentidos” ao exagero (o tal poeta fingidor que inventa dor, sobre ela escreve, mesmo que nem sempre a viva ou sinta). Com o aprofundamento de Pessoa e a leitura de Richard Bach, entre outros fui tendo respostas às minhas questões e dúvidas existenciais, começando então uma nova vertente na escrita, uma escrita onde me assumo não apenas como a pessoa que hoje sou, mas um aglomerado de “pessoas” que ao longo de múltiplas vivências e existências foi e vai adquirindo, como qualquer outro SER, experiências (boas e menos boas) que me conduziram ao que hoje sou e me conduzirão ao que serei.
5 – JM. – A aceitação do que escreve poeticamente é analisada por si em que “meios”? ( facebook, antologias, livros publicados, saraus poéticos e/ou outros)
– Foi editado o meu primeiro livro “FRAGMENTOS DE UM PERCURSO INTERIOR”, um livro de poesia, em 2008. Em 2012 saiu “RAÍZES”, um trabalho em prosa, mais uma vez, um “percurso” pelos meandros da minha vida na autodescoberta do SER mais do que ser. Participei em oito antologias poéticas, sendo que duas são virtuais (“Caminhar no Mundo” e “O Desassossego da Vida”, do grupo Poetas em Desassossego). Faço ainda a divulgação da minha escrita no facebook, não só no meu mural, como também nos diversos grupos que integro. Assisto e participo em saraus e criei, com duas amigas, o grupo poético “POESIA EM FOLHAS DE CHÁ” que realiza sessões mensais onde a nossa poesia e de outros poetas é divulgada. Este grupo tem página oficial no facebook para quem quiser visitar e onde poderá ficar a par de tudo quanto nele se faz.
6 – JM. – Defina a razão das apreensões e dificuldades que os autores têm na edição dos seus próprios livros.
– Editar um livro é sempre dispendioso e, embora eu não tenha procurado apoios para as minhas publicações, dentro do que vou sabendo estes são mais verbais do que reais, ficando a parte económica quase na totalidade a cargo do autor. Por outro lado as editoras não se preocupam muito na divulgação dos autores pouco conhecidos. E há escritores MUITO BONS que passam quase esquecidos. Por último, a poesia não é um tema que agrade a maiorias, mas penso que isto se deve muito à falta de divulgação e incentivo, pois sabemos que PORTUGAL É UM PAÍS DE POETAS, porque então não os valorizar?
7 – JM. – O que encontra de verdade no que escreve para considerar que é um Autor a ser consagrado?
– Escrevo o que me vai na alma, o que as minhas sensações e emoções me vão ditando a cada momento. Por vezes escrever é uma necessidade, é como se a minha alma gritasse: “Escreve, não guardes só para ti, tens o dever de partilhar o que a vida te ensina”; outras vezes é uma palavra solta ao acaso que se vai desdobrando, ampliando e amplificando, dando origem a outra e outra e outra… e sai o poema; outras vezes a vontade de soltar um grito ou dar um abraço, outras… de deixar que a minha criança fale, brinque, invente magia… Isto é o que faz de mim Autora, a ser consagrada ou não… a vida o dirá.
8 – JM. – Mencione e transcreva o poema que mais se identifica com o seu sentido de Autor de poesia.
– Penso que nada melhor do que o meu
ACRÓSTICO
M ente irrequieta, desvendando mistérios,
A limento de luz e amor, assim sou eu
R enovação constante de ser e mais ser…
I ntegrada já estou na vida que vivo,
A mo e partilho o que a vida me deu.
L evo na alma uma centelha de luz,
A bro meu coração ao amor.
– Mesmo quando me sufoca a dor.-
S ou eu mesmo assim, que vivo a sonhar,
A Salete, menina e criança – uma só,
L ivre para brincar e fabricar magia…
E ternamente criança, mas também avó
T ransformo meu mundo a cada momento
E ao meu redor espalho alegria.
F abricante de histórias de encantar,
R emexo e remexo… no baú da fantasia…
A njos, fadas, bruxas e animais falantes,
N emos, Gullivers, Merlins e Morganas,
C apitães, navios piratas em alto mar
I mprovisam as cenas, baralham as deixas…
S ão meus heróis nesta coisa de inventar.
C orrem e brincam em perfeita harmonia
A qui, neste meu mundo de fantasia…
D ispo-me de mulher, visto-me de criança,
E ntro no sonho, volto à infância…
S ou garota cheia de ilusões, sou traquina
A limento meus sonhos, sou a menina!
9 – JM. – Mencione duas ou três razões por que há medo de ler poesia e o facto de os saraus poéticos terem pouca gente.
Incentivaria uma escola para declamadores?
– Como disse atrás há pouco incentivo, por outro lado as escolas também não ajudam muito, limitam-se aos programas (o sistema também não deixa que se faça muito mais!) e, ao contrário do que era no meu tempo de estudante ( no colégio que frequentei e também na minha instrução primária, lembro-me de, na 3:º e 4.ª classe a professora mandava decorar e recitar os poemas dos livros de leitura), as festas escolares são preenchidas com teatro, canções e danças, ficando esquecida a poesia. Mas se de uma sessão de poesia se fizer um acolhimento familiar, onde a alegria, a entrega e a amizade forem os pontos mais altos, o público aparece, às vezes não tanto para ler, mas para ouvir e partilhar da energia saudável que ali se vive. É o que tem acontecido em POESIA EM FOLHAS DE CHÁ.
Se incentivaria uma escola para declamadores? Talvez sim, talvez não… Tudo depende do conceito de “declamador”. Hoje a poesia é mais livre, mais solta e nem toda se adaptaria a um modo de declamar “teatral”, como muitas vezes se ensinava, e que pecava um pouco “pelo exagero”. Penso que mais importante do que ensinar a declamar será ensinar a escrever, a colocar o sentimento no que se escreve, e isto deveria partir das escolas do primeiro ciclo. Uma criança que escreve os sentimentos vai ser mais capaz de dar sentimento ao que lê, do que propriamente uma criança que escreve um texto só porque tem que ser.
10 – JM. – Que falta de apoios existe para a divulgação da poesia?
– Além dos que já citei na questão 6, penso que as autarquias deveriam dar mais apoio principalmente aos poetas locais, poderiam ser criados concursos a nível de bibliotecas municipais, intercâmbios, entre outros
———————————- EM BAIXO ESCREVA O QUE ENTENDER SOBRE SI E A ARTE POÉTICA.
EU SOU…
Eu sou uma fábrica de sonhos
onde se inventa a Paz,
onde se realiza a transformação alquímica do Amor.
Eu sou uma fábrica de sonhos,
de voos e mundos ilusórios,
tão ilusórios quanto reais
neste espaço que é só meu.
Possuo a máquina do tempo,
os paradigmas do invento.
Com eles me projeto
em renascimento constante
à procura da Paz e da Harmonia,
recriando e inventando a ilusão.
A vida toma outra dimensão,
ganha mais encanto e emoção
até que venha a solidão, a dor…
E quando chegar,
quando do sonho acordar,
novos inventos irei recriar
usando como matéria prima