1 – Perfil do Poeta:
- a) Nome: Maria da Conceição Marques
- b) Profissão :Escriturária
- c) Residente .Bragança
2 – JM. – Como se define em termos de ser humano?
Simples, honesta, romântica e estupidamente apaixonada.
3 – JM. – Os autores que mais o marcaram, foram autores poéticos
ou outros? Mencione dois ou três.
Florbela Espanca e Miguel Torga.
4 – JM. – De alguma forma estes autores que referiu, o levaram à escrita da poesia? Refira qual o Autor.
R- Florbela Espanca mexeu bastante com a minha forma de estar ver e sentir, também eu tive um passado complicado e com muita angustia e tristeza à mistura, li tudo o que escreveu, e isso influenciou-me bastante.
5 – JM. – A aceitação do que escreve poeticamente é analisada por si em que “meios”? ( Facebook, antologias, livros publicados, saraus poéticos e/ou outros)
R- Facebook, antologias(10) e dois volumes de poesia prontos a publicar.
6 – JM. – Defina a razão das apreensões e dificuldades que os autores têm na edição dos seus próprios livros.
R- As publicações estão bastante dificultadas para os autores pelo custo. Fica bastante caro publicar um livro em Portugal.
7 – JM. – O que encontra de verdade no que escreve para considerar que é um Autor a ser consagrado?
Seriedade na produção artística.
8 – JM. – Mencione e transcreva o poema da sua autoria com que mais se identifica com o seu sentido de Autor de poesia
Revoltada com o meu passado, com o amor que desapareceu e com a própria religião.
ORAÇÃO DO NADA-
Tenho o cérebro em êxtase total.
Adormecido…
Uma trave, atravessada no hemisfério central.
Pesa-me nos olhos as sombras das pestanas.
Sonho por entre as grades quadriculadas do mal.
Sonhos negros a espreitar em rotas persianas.
Delirantes…
Alucinantes.
Encurralados.
Enjaulados entre o cérebro e os fios de cabelo.
Rezo uma oração sem forma, sem cor…
Sem devoção.
Rendo-me a Deus.
Perco-me nos céus…
Disparo tiros de insatisfação.
Levanto altares satânicos.
Faço rituais diabólicos.
Cicatrizo olhares perversos.
Rascunho sonetos macabros, eróticos.
Estúpidos versos…
Incendeio na neblina o arfar do coração.
Desenterro o espinho cravado na mão.
Remendo um rasgado coração.
Desnudo as sombras dos nadas.
Dispo pernas trôpegas e cansadas.
Jogo no lixo mágoas amarguradas.
Oração sem cor sem forma sem chão.
Oração perdida inválida e sem devoção.
M.C.M. (São Marques).
9 – JM. – Mencione duas ou três razões por que há medo de ler poesia e o facto de os saraus poéticos terem pouca gente.
Incentivaria uma escola para declamadores?
R-Não acho que exista medo de ler poesia, e os saraus poéticos têm pouca gente talvez pela pouca divulgação.
E gostava sim que existisse uma escola para formar declamadores. Um bom declamador é a alma de um poema. Tenho apenas dois declamados e ao ouvi-los consigo surpreender-me a mim mesma. Adoro poesia declamado principalmente declamada por uma voz masculina.
10 – JM. – Que falta de apoios existe para a divulgação da poesia?
R- falta de apoio do Ministério da Cultura. Um pequeno apoio seria o suficiente para ajudar muita obra literária, temos muita gente a escrever muito bem em Portugal. E acredita na expressão” Portugal é um ninho de poetas”.
11 – JM. Verifica-se que hoje em dia existem uma grande quantidade de editoras. Na sua opinião acha que neste caso o poeta tem mais opção de escolha para a sua divulgação ser um sucesso, ou muitas delas faz dos escritores lucros e números?
R- Sim cada vez existem mais editoras, proliferam como cogumelos selvagens mas, a maior parte existe apenas para explorar os autores, editoras cuja finalidade é apenas e só o lucro e os números.
12 – JM. Se já editou algum livro refira-nos quais e onde os podemos adquirir?
R-neste momento tenho apenas colectâneas, brevemente vão estar à venda os meus dois volumes de poesia.
13 – JM. Hoje em dia a divulgação online está muito avançada, possui alguma pagina ou site onde podemos ver algum do seu trabalho literário?
Apenas utilizo o facebook, não tenho necessidade de nada mais, tenho uma média de 200 poemas publicados no facebbok o meu interesse maior é que os meus leitores comprem os meus livros.
EM BAIXO ESCREVA O QUE ENTENDER SOBRE SI E A ARTE POÉTICA.
Eu sou mulher, amante, sonho e devaneio, doí-me a minha dor e a dor do mundo inteiro.
Doi-me a consciência
.
Tenho gravado a letras douradas um segredo escondido dos olhares perversos, controversos e distorcidos.
Através da vidraça baça e suja, espelho o sorriso que teima em chorar.
Flutuo numa nuvem de algodão doce e chovem torrencialmente os meus sonhos no chão.
Escrevo frases sem nexo para minorar o desejo que boia na palma da minha mão.
Doi-me o pensamento que me embala o corpo tropego e adormecido.
Envelheço como um tronco de árvore mirrada a brotar resina queimada na alma que teima em amar.
Doi-me o tacto e o cheiro do mar ausente do meu inerte e aventureiro olhar.
A minha sombra trepa e desfalece nas paredes humidas da varanda que não consegue escalar.
Doi-me a inconsciência e sofro…
M.C.M.(são marques)