Mais de metade dos bebés nascidos no último ano nos maiores hospitais portugueses foram amamentados na primeira hora de vida e 58,8% tiveram um contacto pele-a-pele com a mãe logo após o nascimento, segundo dados hoje divulgados.
Os dados são do Consórcio Português de Dados Obstétricos (CPDO), que congrega 13 serviços de obstetrícia e ginecologia dos maiores hospitais portugueses, e mostram também que o índice de massa corporal médio das grávidas está acima do peso normal (25,2), que cerca de 3.000 mulheres que deram à luz nos últimos 12 meses sofriam de obesidade (IMC maior do que 30) e mais de 7.500 tinham IMC superior a 25 (pré-obesidade).
“Durante a pandemia houve dúvidas sobre se estava a haver mais ou menos nascimentos, ou mais grávidas com diabetes, e não tínhamos esses dados. Aqui temos dados que não são exatamente do dia, mas no final do mês já conseguimos ter essa visão”, explicou à agência Lusa Diogo Ayres de Campos, diretor do serviço de obstetrícia do Centro Hospital de Lisboa Norte.
Segundo disse, com esta iniciativa será possível ter acesso a dados que, além de mais atuais — o INE só os divulga no ano seguinte — são mais pormenorizados e rigorosos.
Ayres de Campos, que pertence à Comissão Científica Instaladora do CPDO, explicou ainda que o programa de registos clínicos (Obscare) usado pelos hospitais que integram o consórcio foi criado em 2002, no Hospital de São João, e foi-se estendendo pelo país.
“Neste momento, a grande maioria dos hospitais universitários já o têm e muitos hospitais não universitários também”, acrescentou o especialista, sublinhando que “como os registos do que se passa na gravidez são feitos neste programa ele acaba por agregar muitos dados”.
Além de ajudar a ver a realidade de forma mais pormenorizada, atual e rigorosa, este projeto pretende ainda ajudar a promover a investigação multicêntrica nacional.