Mais de 700 mil portugueses optaram por consultas de especialidade fora da sua área de residência

Mais de 700 mil portugueses preferiram ter consultas em hospitais fora da sua área de residência, desde a entrada em vigor, a 1 de junho de 2016, do regime de livre acesso. As especialidades mais procuradas são oftalmologia, ortopedia e dermatologia, sendo aquelas que apresentam também maiores tempos de espera. 

Escreve o Público esta segunda-feira, 9 de março, que mais de 700 mil portugueses preferiram nos últimos três anos e meio ter uma consulta num hospital diferente daquele que pertence à sua área de residência.

Em causa está a entrada, desde junho de 2016, do regime de livre acesso no Serviço Nacional de Saúde, sendo os centros hospitalares de Lisboa e do Porto são os mais procurados, nomeadamente, o Centro Hospitalar Lisboa Norte (onde se inclui o Hospital de Santa Maria), o Centro Hospitalar Universitário do Porto (a que pertence o Hospital de Santo António), o Centro Hospitalar Lisboa Central (do qual faz parte o Hospital de S. José), Centro Hospitalar de São João, no Porto, e o Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental (que integra os hospitais S. Francisco Xavier e Egas Moniz).

No total, segundo o jornal, 711.264 pessoas pediram uma primeira consulta de especialidade num hospital público que não o da sua rede de referenciação.

As especialidades mais procuradas são oftalmologia, ortopedia e dermatologia, otorrinolaringologia e cirurgia geral, por esta ordem.

Estas especialidades estão também na lista daquelas que têm maiores tempos de espera para uma primeira consulta.

Estas 711.264 pessoas representam 11,4% dos mais de 6,2 milhões de primeiras consultas de especialidade pedidas pelos médicos de família no mesmo período, escreve o Público, citando dados da Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS).

O sistema de livre acesso e circulação permite aos utentes, em conjunto com o seu médico de família, optar por ter consulta de especialidade em qualquer hospital do Serviço Nacional de Saúde onde a especialidade requerida exista, não ficando o paciente vinculado apenas ao hospital de referência na sua área de residência.

As cinco áreas com maiores tempos de espera — oftalmologia, ortopedia e dermatologia, otorrinolaringologia e cirurgia geral — foram integradas no plano para a redução de listas de espera apresentado pelo Ministério da Saúde, tendo as listas de espera sido reduzidas em 40% (segundo dados provisórios) ao longo do ano passado.

Segundo a Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS), com base nos dados que dispõe, a procura por “melhores tempos de resposta” está entre as principais razões para a procura de consultas de especialidade fora da área de residência, ainda que o organismo não disponha de estatísticas específicas sobre esta matéria.

A par de menores tempos de espera, os utentes procuram ainda hospitais com base na reputação do estabelecimento e da equipa clínica que nele trabalhada. Pesam ainda também as preferências individuais, muitas vezes com base em experiências anteriores, próprias ou de pessoas próximas, enumera Ricardo Mestre, administrador da ACSS.

Madremedia