20.5.2023 –
Em Portugal, gastam-se 1,2 mil milhões por ano para tratar todas as doenças ligadas à obesidade, como a diabetes ou o AVC. “Temos de começar a gastar dinheiro no sítio certo”, apela Carlos Oliveira, da ADEXO.
No Dia Nacional de Luta Contra a Obesidade, que se assinala este sábado, os doentes pedem que seja dada “prioridade” ao tratamento, para que se resolva na origem um problema que está associado a tantos outros.
Hoje sabemos que há 200 tipos de doenças e 13 tipos de cancros associados à obesidade. Em Portugal, por ano, gasta-se 1,2 mil milhões de euros a tratar todas as doenças associadas à obesidade, como a diabetes, o AVC ou a doença renal crónica, enquanto que para tratar a doença em si se gasta apenas 13 milhões”, explica Carlos Oliveira, presidente da Associação Portuguesa de Pessoas que vivem com Obesidade (ADEXO), sublinhando que “temos de começar a gastar dinheiro no sítio certo”.
Os obesos “passam a vida no centro de saúde, nos hospitais, devido às doenças associadas a esta condição” e este cenário podia ser revertido “com investimento no tratamento cirúrgico e farmacológico”, apela Carlos Oliveira.
Mas este é um passo que fica por dar também, em grande parte, devido ao desconhecimento associado à doença.
Ainda há muita gente que continua a achar que a obesidade é um problema de estética e que se é gordo porque quer. Não sabem que a obesidade é uma doença biológica e crónica e que, por exemplo, não é a diabetes que provoca a obesidade, mas sim ao contrário”, sublinha o presidente da ADEXO.
A Organização Mundial da Saúde indica, por exemplo, que a obesidade é responsável por 80% dos casos de diabetes tipo 2, por mais de metade dos casos de hipertensão e por 40% dos diagnósticos de cancro na Europa.
Listas de espera de anos e medicamento sem comparticipação
Não estamos nada bem no tratamento cirúrgico. Há hospitais que têm listas com quatro anos de espera. Só o Hospital de São João terá uma lista mais reduzida, de ano e meio talvez, mas antes de serem indicados para cirurgia os doentes têm de passar por equipas multidisciplinares que não funcionam. Podem ir a uma consulta de especialidade hoje e só ter a próxima consulta ou exame, de outra especialidade necessária, dali a seis ou sete meses”, explica à SIC Notícias o presidente da ADEXO.
O grande desafio para os nutricionistas e psicólogos que acompanham os obesos é encontrar um tipo de vida equilibrado para a pessoa conseguir mantê-lo para o resto da vida. É preciso criar para ela um plano alimentar equilibrado, de que goste e que a deixe sem fome”, adianta Carlos Oliveira.
Quase 40% dos portugueses serão obesos em 2035
Se estas projeções se confirmarem, a despesa da saúde para mitigar problemas causados pela obesidade será equivalente a 2,2% do PIB em 2035”, reflete a DGS.