Luís Patrão Lokes: “Da cozinha ao pavilhão, prevaleceu a organização!”

Já é quase um lugar comum: o homem que alimenta a malta do futsal trouxe mais uma medalha com o bi-campeonato Europeu conquistado pelos rapazes de Jorge Brás…

Primeiro foi um Europeu, depois um Mundial e agora… outro Europeu! Claro está que isso não é obra do acaso e, por este motivo, o Jornal Mira Online voltou a entrevistar Luis Patrão, o chef da Seleção Nacional, para conhecermos a receita de mais esta conquista.

“Nada fica de fora, desde que foi implantada esta organização que existe no seio da seleção” afirma o homem que cuida da cozinha, mas conhece por dentro, todas as particularidades implantadas no dia-a-dia da seleção. “Cada um na sua atividade, quer seja alimentar, médica, logística, ou seja em que área for, tem objetivos propostos que são cumpridos escrupulosamente” conclui.

Na sua atividade, Lokes dá o exemplo de ter conhecido, durante uma semana, todas as necessidades que teria de encarar quando chegasse o momento de ter jogadores, equipa técnica e staff reunidos nos hotéis holandeses por onde fossem passar. Garantindo que “uma semana é tempo mais que suficiente para conhecermos todas as particularidades da cozinha do Hotel, para tratarmos com o staff deles sobre o que pretendemos, como pretendemos e quando pretendemos que as coisas aconteçam”. Desta forma de trabalhar, nascem as execuções de todos os pormenores e, quando chega a “hora h”, “tudo se torna mais fácil…”

A organização engloba o Departamento de Nutrição que, num primeiro momento organiza as ementas em Lisboa para, depois, o chef da seleção, já no país em causa (neste caso, a Holanda) adaptar “aos nossos temperos mediterrânicos, aliados a uma confeção exigente e lenta dos produtos para que estes se tornem mais saborosos” à alimentação que ajudará a cuidar do estômago e, ao mesmo tempo, matar um pouco das saudades que os atletas sentem de Portugal no tempo em que estão em competição. “Eles são atletas de alta competição e, assim sendo, comem com qualidade pois, quem melhor do que os próprios para saberem das necessidades do seu corpo, que varia com o metabolismo de cada um?.. mas, antes de tudo, são seres humanos e, também aqui temos a preocupação de dar-lhes um “conforto” durante o período de competição. Por isso, os cheiros e os sabores também são importantes num grupo que é, na verdade uma verdadeira família”.

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UM GRUPO COM “ENORME COMPROMISSO”

 Ao tirarmos Luís Patrão Lokes da sua zona de conforto (a alimentação) descobrimos que ele é, antes de mais nada, um verdadeiro de tudo o que rodeia o atual momento da seleção bi-campeã Europeia. Sorrindo, garante que “esse é um grupo com um enorme compromisso e uma vontade de treinar e vencer acima da média”. Quem sabe resida, aí, a diferença desta para outras gerações que a antecederam e onde, também havia a qualidade individual dos jogadores lusos.

“O que vejo, é um grupo de homens, onde o coletivo sobrepõe-se ao individual” e isso também faz parte da estratégia delineada pelo selecionador nacional. “Jorge Brás tem executado um trabalho intenso, sempre respaldado pela Federação: apostou numa engrenagem montada desde as bases, até aos “AA”, que vem dando excelentes frutos ao longo dos últimos anos, exatamente porque todos remam na mesma direção…”

Agradecendo à FPF por lhe dar “todas as condições para que o meu trabalho possa ser realizado de forma a contribuir, um pouco que seja, para o êxito da seleção” Lokes encerra dando, aquilo que considera “dois exemplos cabais do espírito de grupo que existe na seleção”.

“O “mágico” Ricardinho foi duas vezes à Holanda para incentivar seus antigos companheiros de “batalhas”. Na primeira vez, apanhou o comboio em Paris, para estar presente na meia-final contra a Espanha e na segunda vez, foi no seu carro, propositadamente, para ver a final do Europeu, Portugal x Rússia. Já Ana Azevedo, capitã da seleção “A” feminina, fez uma viagem de 8 horas entre Lisboa e Madrid para, ali, apanhar o avião que a levaria à Holanda para estar, também ela, a apoiar os nossos “rapazes”… se isto não é uma verdadeira “família”, confesso não conhecer o sentido exato desta palavra. Gente dessas, orgulham-me e devem orgulhar cada português que esteja em qualquer canto do mundo pois mostram-nos que o país pode ser pequeno, mas a “alma lusitana” é verdadeiramente, enorme!”

 Jornal Mira Online