Luís Montenegro: “É irrespirável o ambiente de contradições, desorientação e confusão no Governo!”

18.1.2023 –

Esta é uma matéria exclusiva do Jornal Mira Online.

Luís Montenegro veio a Mira para um jantar no restaurante Pátio do Tabuínhas, onde fez companhia a cento e cinquenta militantes entusiastas do PSD.

Casa repleta, na companhia de três Presidentes de Câmaras do PSD – Helena Teodósio, Silvério Regalado e, o anfitrião, Raul Almeida – e de muitos outros dirigentes a nível local e do Distrito, Luís Montenegro não foi parco em palavras, nem deixou de ser duro nas críticas ao que classificou como “desgovernação do PS”.

Antes, porém, Paulo Leitão, líder distrital do partido e Raul Almeida, usaram da palavra, como a antecipar o que estava por vir. O autarca mirense chegou mesmo, a repetir publicamente, para que aquele que espera ver como “futuro primeiro ministro de Portugal”, tomasse ciência da “grave falta de médicos num Concelho que, não estando no interior, que é o que o governo sempre disse onde estava o problema, está mesmo junto ao mar, num litoral, também carenciado” neste quesito.

O líder social democrata, antes de tudo, fez questão de traçar a linha que separa o seu partido da governação. “Somos o partido líder da oposição” disse, como introdução, “e, mesmo tristes no final de Janeiro do ano passado, temos de aceitar que esta foi a missão que os portugueses nos confiou…”.

Garantindo que “não somos um partido que vive de lamúrias”, Montenegro fez questão de deixar claro que, na sua ótica, “estamos a fazer o nosso caminho para vir a merecer a confiança dos portugueses, sem nos importarmos com uma comunicação social que quer nos empurrar pelos caminhos que escolhe”.

Classificando como “irrespirável” o atual momento do governo liderado por António Costa, o líder do PSD deixou claro que “o PS obteve uma maioria absoluta que, muitos já viram que não a mereceu!”. Educação, políticas públicas, saúde e “uma coesão territorial que não anda” foram os temas eleitos para Montenegro criticar com dureza a ação governativa. Mas, foi na Saúde e no “crime económico que é o caso da TAP” que ele centrou grande parte dos mais de trinta minutos de intervenção.

Afirmando que “a política do PS “atira” as pessoas para fora do SNS” usou de números para explicar as suas razões: “mais de três milhões de pessoas já têm um seguro de saúde… mais de um milhão de pessoas utilizam a ADSE e, quem fica no público, quem fica até quinze horas a aguardar uma consulta? quem não tem dinheiro para ir para o privado!”. No seu entender, deve haver “uma complementabilidade entre o privado e o SNS, para que os portugueses sejam assistidos” a tempo e horas e “com a qualidade necessária”.

TAP foi usada como um exemplo de “má governação socialista”com uma nacionalização “que só serviu aos privados, que ficaram com a parte boa da negociação enquanto o Estado ficou com os problemas”. 

Por fim, Luís Montenegro classificou como “imoral” o facto de haver tantos impostos “cobrados aos portugueses” e  também, “o Estado ter arrecadado mais de sete mil milhões de euros do que estava orçamentado, enquanto a população tem dificuldade de pagar o básico: a alimentação, a casa, a renda, os estudos dos filhos…”

Com dedos no ar em forma de “V”, o presidente dos sociais democratas saiu, como chegou: com a “profunda convicção de que o PSD está unido”. 

Agora, é aguardar pelos próximos tempos, para serem conhecidos até onde irá a união que o líder do partido preconiza e se, ela será capaz de levar o PSD novamente ao poder…

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Luís Montenegro: “A moção de censura não era o melhor para o país”

O presidente social democrata assumiu a posição do partido sobre a moção de censura, quando foi questionado pelo Jornal Mira Online.“Consideramos que não era melhor para o país ter três eleições seguidas, visto que estamos, todos, a passar grandes dificuldades”, afirmou mas, no entanto, deixou claro que “o PS depende de si próprio… entretanto, se a situação degradar-se, estaremos, seguramente, muito bem preparados para irmos à luta!” 

Em jeito de provocação, a reportagem perguntou ao líder social democrata se “Helena Teodósio, Silvério Regalado e Raul Almeida” seriam bons nomes para um eventual governo sob a sua liderança, Luís Montenegro classificou-os como “três pessoas muito qualificadas, com muitas habilitações, que podiam desempanhar funções governativas.. mas, não só!”.

Raul Almeida: “Luís Montenegro está no meio das pessoas e está a ouvi-las”

O autarca de Mira classificou como “muito positiva a presença do nosso líder, aqui em Mira” e repetiu as palavras ditas anteriormente pelo líder, para dizer que a sua insistência no assunto da saúde no Concelho “terá de dar resultados”. “em 2015, o orçamento da saúde era de oito mil milhões, hoje é de treze mil milhões… e o que vemos é uma qualidade dos serviços a degradar-se imensamente!”

Afirmando que continuará na senda da procura de reuniões com as autoridades da saúde para debelar o problema da falta de médicos, Raul Almeida confessa-se “chocado” com o facto de haver saídas do quadro clínico por reformas e não terem sido “tomadas as necessárias ações, atempadamente”.

Helena Teodósio: “Estou totalmente centrada no meu Concelho”

Questionada pela reportagem sobre as palavras de apreço de Luís Montenegro sobre uma eventual presença num governo PSD, a autarca cantanhedense riu-se – assim como Raul Almeida tinha feito momentos antes – e, tal como ele, garantiu sentir-se “honrada pela deferência” mas, salientou que o que lhe interessa mesmo é, “em conjunto com a minha equipa, ajudarmos a fazer Cantanhede crescer ainda mais em todos os aspectos”. Questionada, por fim, se não enjeitava a possibilidade de, um dia poder fazer parte do governo, a edil de Cantanhede deixou um enigmátcio “o futuro a Deus pertence” e a certeza de que “estou de alma e coração em Cantanhede…”

Silvério Regalado: “Sou um soldado do PSD”

O autarca vaguense manifestou-se “um soldado, um militante do PSD há mais de vinte anos”, para a mesma questão colocada pelo Jornal Mira Online aos outros autarcas. Sentindo-se “honrado com as palavras do nosso presidente”, Silvério Regalado deixou a mensagem de “um partido unido contra a desgovernação do PS, embora não existam eleições a vista… se o sr. Presidente da República um dia achar que são necessárias, será tudo por culpa da incapacidade do Partido Socialista em fazer valer-se das boas condições… assim, logicamente, não viraríamos a cara à luta”.

Questionado sobre a notícia de que o seu Concelho contratou, em 2014, os serviços de uma sociedade de advogados onde, na altura, estava Luís Montenegro, Silvério Regalado confessou-se “completamente tranquilo, uma vez que, naquela altura, nem em sonho imaginaríamos que o nosso atual líder o seria neste momento”.

A assistência jurídica foi “escolhida para que Vagos, que durante vinte anos perdeu mais de oito milhões de euros” pudesse, como afirmou “ter, até agora, poupado mais de cinco milhões por conta dessa assitência jurídica!”. Não se sentindo “em nada desconfortado” o autarca afirma que, já nas eleições de 2017 e 2021, “o assunto veio à tona e os vaguenses compreenderam tanto que a medida foi no sentido de poupar os seus dinheiros, que votaram em mais de 60% no nosso projeto e nos que nos acompanham… temos seis vereadores contra um da oposição e isso ilustra bem a forma como os vaguenses entendem a nossa forma de trabalhar e lidar com o dinheiro público”.

Miguel Poiares Maduro: “Levo comigo, a notória capacidade de mobilização do partido”

Finalmente, o mirense Miguel Poiares Maduro deixou a sua impressão sobre uma noite onde, “no meio da semana e com a chuva que tem caído” o PSD de Mira “conseguiu mobilizar tantas pessoas”. Para ele, fica claro que o partido “é uma clara alternativa a esta desgovernação socialista” e que pode mobilizar muitos “para problemas gravíssimos que o país atravessa, tais como os baixos rendimentos, a pobreza ou a emigração de jovens, dentre muitos outros…”.

Poiares Maduro deixou o lamento de que “infelizmente não tem sido raro o PS demonstrar que é incapaz de aproveitar as boas condições de estabilidade, realizando um governo eficaz.”

Quanto à moção de censura, Maduro garante que o PSD “foi uma oposição responsável, mas não pode substituir-se ao governo… se for necessário, estaremos preparados!”.

Jornal Mira Online