Luís Filipe Vieira detido. Não será ouvido pelo juiz Carlos Alexandre esta quarta-feira

O líder do Benfica e o empresário José António Santos foram alvo de buscas esta quarta-feira. A TSF sabe que Vieira não será ouvido esta quarta-feira.

presidente do Sport Lisboa e BenficaLuís Filipe Vieira, e o empresário José António Santos foram detidos esta quarta-feira para interrogatório, sabe a TSF. O líder encarnado e o empresário conhecido por “O Rei dos Frangos” foram alvo de buscas por suspeitas de crimes de burla qualificada ao fundo de resolução bancária, fraude fiscal qualificada e branqueamento de capitais. Contudo, haverá mais detidos neste caso.

TSF sabe que Luís Filipe Vieira está no Comando Metropolitano da PSP de Lisboa, em Moscavide, onde vai aguardar até ser ouvido por um juiz, o que não deverá acontecer ainda durante esta quarta-feira. Segundo o jornal O Jogo, o juiz em causa é Carlos Alexandre.

De acordo com informação da RTP, a direção do Benfica vai reunir-se de emergência ainda esta quarta-feira. O Estádio da Luz também foi alvo de buscas, com vários pontos do recinto encarnado encerrados.

Segundo avançava o jornal SOL esta manhã, o presidente dos encarnados é também suspeito do crime de abuso de confiança referente a ganhos milionários que obteve na venda de 25% do capital da Benfica SAD a um empresário estrangeiro. A investigação tem origem no processo Monte Branco, a conhecida rede suíça de fraude fiscal e branqueamento de capitais que operava em Portugal e foi desmantelada em 2011.

Esta operação acontece três dias depois de o clube encarnado ter lançado uma nova emissão obrigacionista para arrecadar 35 milhões de euros.

Leia o comunicado do Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) na íntegra:

“NEGÓCIOS DO FUTEBOL. DILIGÊNCIAS

Ao abrigo do disposto no art.º 86.º, n.º 13, alínea b), do Código de Processo Penal, informa-se:

No âmbito de um inquérito dirigido pelo Ministério Público do Departamento Central de Investigação e Ação Penal cuja investigação se encontra a cargo da Autoridade Tributária e Aduaneira (AT) e conta com a estreita colaboração da Polícia de Segurança Pública (PSP), foram cumpridos cerca de 45 mandados de busca, abrangendo instalações de sociedades, domicílios, escritórios de advogados e uma instituição bancária. Estas buscas decorrem nas áreas de Lisboa, Torres Vedras e Braga.

No decurso das diligências foram detidas quatro pessoas, dois empresários, um agente desportivo e um dirigente desportivo.Detenções efetuadas atendendo aos indícios já recolhidos, com vista a acautelar a prova, evitar ausências de arguidos e a prevenir a consumação de atuações suspeitas em curso.

Os detidos serão presentes, previsivelmente no decurso do dia de amanhã, a primeiro interrogatório judicial com vista à aplicação, considerando a gravidade dos crimes e as exigências cautelares, de medidas coação diferentes do termo de identidade e residência.

No processo investigam-se negócios e financiamentos em montante total superior a 100 milhões de euros, que poderão ter acarretado elevados prejuízos para o Estado e para algumas das sociedades.

Em causa estão factos ocorridos, essencialmente, a partir de 2014 e até ao presente e suscetíveis de integrarem a prática, entre outros, de crimes de abuso de confiança, burla qualificada, falsificação, fraude fiscal e branqueamento.

No cumprimento dos mandados participaram 66 Inspetores Tributários, sendo 25 da Direção de Finanças de Braga, 8 da Direção de Finanças do Porto, 26 da Direção de Finanças de Lisboa e 2 da Direção de Serviços de Investigação da Fraude e de Ações Especiais (DSIFAE), para além de 9 elementos do Núcleo de Informática Forense desta Direção.

Participaram ainda 4 magistrados do Ministério Público, 3 Juízes de Instrução Criminal e 74 polícias da PSP, 9 dos quais a exercerem funções no DCIAP.

O inquérito encontra-se em segredo de justiça.”

Gonçalo Teles / TSF