Já se veem as máquinas a circular na linha Beira Alta que liga Coimbra à fronteira com Vilar Formoso. Ainda é na fase de teste, é certo, mas já se vê luz ao fundo da obra.

A infraestruturas de Portugal está totalmente empenhada em termos a conclusão de todos estes trabalhos para permitir abrir a linha à operação até ao final deste ano”, diz Carlos Fernandes, vice-presidente da Infraestruturas de Portugal.

Os trabalhos começaram no terreno em abril de 2022. A decisão arriscada de suspender toda a circulação na linha internacional, a principal porta da ferrovia para Espanha, era apenas por 9 meses, mas chegando a janeiro de 2023 foi anunciado o primeiro atraso.

O prazo estendeu-se e o país assistiu a uma troca de ministros. Saiu Pedro Nuno Santos, chegou João Galamba. Apresentou uma nova data, mas voltou a falhar. Agora é a própria infraestruturas de Portugal a garantir que a linha reabre ate final do ano. praticamente com 2 anos de atraso.

Nós fomos impactados, obviamente, pelo Covid, depois tivemos a guerra na Ucrânia e isso impactou as cadeias logísticas (…) e depois tivemos inúmeros roubos de dezenas de quilómetros de fio de contacto”, explica o vice-presidente da Infraestruturas de Portugal.

Ao longo dos quase 200 km foram intervencionados 10 túneis, trocada toda a linha e construídas novas pontes para evitar tantas quebra de velocidade. Mas com tantas mudanças, tinha de haver surpresas. Foi caso de Mourilhe, em Mangualde. O velhinho túnel já não existe, a opção era gastar quase 5 milhões de euros a reparar, mas não havendo comboios a circular a decisão foi rasgar a direito. A surpresa chegou, com o ano especialmente chuvoso.

Houve uma ameaça de deslizamento de terras com algum significado, com algum impacto no ponto de vista de segurança, e portanto estamos a intervir. Eu penso que dentro de alguns dias conseguiremos ter a certeza absoluta que abriremos toda a linha até ao final do ano ou esse pequeno troço, entre Mangualde e Gouveia, terá que, eventualmente, ficar até ao início do próximo ano”, conta Carlos Fernandes

Já em termos financeiros, é uma obra que garantidamente não irá derrapar. O país estimou gastar 380 milhões e adjudicou quatro empreitadas por 260 milhões de euros. Mas o que seria a partida uma boa notícia foi também ela uma ajuda para o alongar de prazos.

A renovada linha da beira alta vai duplicar a capacidade de transporte de passageiros e encurtar o tempo de viagem em 30 minutos. Estará a funcionar até ao fim deste ano, pelo menos é mais recente garantia da infraestruturas de Portugal.