Mistral nasceu em cativeiro em 2015 e libertado em Mértola no ano seguinte.
O lince-ibérico Mistral, nascido em cativeiro em 2015 e libertado em Mértola no ano seguinte, foi encontrado morto na quarta-feira na Estrada Nacional (EN) 122, neste concelho alentejano, com sinais de atropelamento, revelou esta sexta-feira o ICNF.
O Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), anunciou em comunicado que o lince-ibérico macho foi encontrado na EN122 a cerca de 10 quilómetros de Mértola (Beja), junto à Herdade de Cela, local onde em maio de 2018 tinha sido atropelado um outro lince, o Olmo.
Uma equipa de monitorização do ICNF sediada no Parque Natural do Vale do Guadiana recolheu o animal, acrescentou o organismo.
No comunicado, o ICNF admite poder tratar-se de “um ponto negro de mortalidade, isto é, um local onde ocorrem travessias recorrentes de animais selvagens, entre áreas de habitat natural adjacentes” e que apresentam “condições que propiciam o atropelamento” rodoviário.
Nascido em 2015, no Centro de Reprodução em Cativeiro de Lince Ibérico de Zarza de Granadilla, em Espanha, o lince Mistral tinha sido libertado no concelho de Mértola em 13 de maio de 2016.
A libertação decorreu no âmbito do processo de reintrodução da espécie no Vale do Guadiana, inserido no Projeto “Recuperação da Distribuição Histórica do Lince Ibérico (‘Lynx pardinus’) em Espanha e Portugal.
O animal “fixou-se na Herdade da Cela, onde manteve um território de cerca de 10 quilómetros quadrados, e terá acasalado duas vezes com a fêmea Moreira, sendo o provável progenitor de quatro crias”, realçou o ICNF.
Segundo o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, este foi o “quarto atropelamento de exemplares de lince-ibérico libertados no Guadiana, desde 2015”, pelo que continua a “ser alta”, estando “estimada em 75%”, a taxa de sobrevivência dos exemplares reintroduzidos no projeto LIFE+Iberlince em Portugal.
O risco de atropelamento rodoviário permanece “uma ameaça” para a espécie em toda a Península Ibérica, admitiu o ICNF, destacando, contudo que o ano de 2018 “foi particularmente favorável ao lince em Portugal”.
“Com o nascimento de 29 crias em meio natural e 11 fêmeas reprodutoras estabilizadas, o Vale do Guadiana tornou-se uma das áreas de reintrodução com maior sucesso a nível ibérico”, congratulou-se.
O núcleo populacional de lince-ibérico está em “franco crescimento”, já com fêmeas nascidas na zona em 2016 a reproduzir, o que vai permitir “a existência de uma população viável a longo prazo”, sublinhou.
“Este cenário positivo tem sido possível graças à colaboração de proprietários e das zonas de caça, a uma gestão sustentável do território, à abundância elevada de coelho-bravo e a uma atitude favorável à presença do predador”, elogiou o ICNF, referindo que a conectividade dos exemplares do Vale do Guadiana com áreas de Espanha também ficou “definitivamente confirmada” em 2018.
No ano passado, duas fêmeas morreram afogadas no concelho de Serpa, tendo sido ainda registado, além do atropelamento do macho Olmo, em Mértola, outro atropelamento, neste caso de uma fêmea, entre Tavira e Olhão, no Algarve.
O ICNF disse ainda estar a preparar uma “nova candidatura ao programa LIFE” centrada no lince-ibérico, em conjunto com outros parceiros de Portugal e Espanha, que prevê, entre outras ações, a minimização de mortalidade em estradas.
Fonte: Lusa
Foto: Fernando Fontes / Global Imagens