Legionella. Régua preocupada com hospital que ainda não reabriu

O Bloco quer esclarecimentos e o povo desconfia que o encerramento seja permanente. “Só não nos levam o rio porque não podem.”

O Hospital D. Luís I, no Peso da Régua, permanece encerrado, o que motiva a preocupação e o receio de grande parte da população.

Junto ao edifício encontra-se apenas um segurança que confirma à Rádio Renascença que a unidade hospitalar está fechada. O hospital foi encerrado na passada quinta-feira, devido à detecção da bactéria legionella na água.

Não há registo de doentes infectados, garantiu a Direcção-Geral de Saúde, que, todavia, não avança uma data para a reabertura do hospital.

Graça Freitas, subdirectora Geral de Saúde, questionada pelos jornalistas, na passada quinta-feira, sobre o tempo que o hospital vai ficar encerrado, salientou que existem “várias circunstâncias que terão que ser analisadas”. “Não há nenhuma pressão de tempo, as coisas serão feitas com toda a calma que for necessária. Serão avaliadas todas as condições quer da estrutura, quer do processo”, afirmou.

O encerramento do hospital já esteve por várias vezes em cima da mesa. A unidade esteve mesmo incluída na lista dos hospitais que o Governo PSD/CDS-PP queria devolver às Misericórdias, o que agrava o receio dos reguenses. “Para mim, o hospital não vai abrir”, afirma Emília Vicente. “Ele já andava para fechar há muito tempo. Isto foi um pretexto para encerrar. Foi tudo uma jogada”.

“Toda a gente está revoltada. Devíamos fazer uma manifestação, mas o povo reguense é muito pacífico. Levam-nos tudo; só não nos levam o rio porque não podem”, conclui.

Também António Afonso se mostra apreensivo “como cidadão e potencial utente”. “É uma unidade que sempre fez e fará falta. No que estiver ao meu alcance, lutarei pela permanência do hospital”, assegura.

O encerramento do hospital domina as conversas na Régua. Num café central José Costa exprime a revolta e a tristeza por mais uma perda. “Para mim isto já se perdeu e os prejudicados somos nós, obrigados a fazer grandes viagens para Vila Real ou outro sítio qualquer”, afirma o septuagenário.

“Se já antes tínhamos dificuldade por falta de dinheiro, agora vai ser muito pior”, lamenta José, que manifesta o desejo de ver o “povo unido para defender o que lhe pertence”.

Contactado pela Renascença, o presidente da Câmara da Régua, Nuno Gonçalves, não se mostrou disponível para prestar declarações.

Bloco pede esclarecimentos

O Bloco de Esquerda pediu um esclarecimento ao Ministério da Saúde, através de perguntas entregues no Parlamento, sobre a reabertura “em segurança” do hospital da Régua.

O deputado do Bloco Moisés Ferreira questionou ainda sobre a transferência dos pacientes e pessoal de enfermagem para o hospital de Chaves, que dista da Régua cerca de 85 quilómetros, quando existem outras unidades do CHTMAD que ficam mais perto, como Vila Real e Lamego.

“Esta transferência compreender-se-ia se os doentes ficassem mais perto de casa ao serem transferidos para Chaves ou se não houvesse cama disponível noutros hospitais. Todavia, uma vez que todos foram transferidos para Chaves parece não ter sido esse o caso”, referiu o BE, em comunicado.

O Hospital D. Luís I integra o Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro. Aquando do encerramento devido à legionella, tinha apenas em funcionamento o serviço de internamento.

Fonte: rr.sapo.pt