O percurso de regresso a casa começou de Papamóvel, ainda em Fátima, com milhares de pessoas nas ruas a quererem uma última saudação do pontífice. Durante a despedida dos bispos que o acompanhavam, caíram alguns chuviscos que deram mote a um comentário bem-humorado: “Eu parto, Portugal chora”.
Já perto da saída da cidade, Francisco trocou de carro e dirigiu-se até Monte Real, onde o esperavam flores deixadas por moradores das proximidades e centenas de militares da Força Aérea Portuguesa e famílias. Foram os últimos momentos de emoção da visita.
Depois da despedida de Marcelo Rebelo de Sousa, um avião da TAP aguardava a chegada do Papa para o levar de regresso a Roma. Francisco acenou e sorriu antes de entrar na aeronave.
500 mil pessoas encheram santuário para a canonização
Foi uma manhã de emoções fortes no Santuário de Fátima, com o Papa Francisco a canonizar dois novos santos portugueses perante uma plateia de 500 mil pessoas.
Um mar de lenços brancos marcou este sábado o encerramento das celebrações religiosas de maio ao Santuário de Fátima, quando passam cem anos dos acontecimentos na Cova da Iria e que tiveram como peregrino especial o Ppapa Francisco.
Antes, o Papa canonizou os pastorinhos Francisco e Jacinta Marto com estas palavras: “Em honra da Santíssima Trindade, para exaltação da fé católica e incremento da vida cristã, com a autoridade de nosso Senhor Jesus Cristo, dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo e Nossa, depois de termos longamente refletido, implorado várias vezes o auxílio divino e ouvido o parecer de muitos Irmãos nossos no Episcopado, declaramos e definimos como Santos os Beatos Francisco Marto e Jacinta Marto e inscrevemo-los no Catálogo dos Santos, estabelecendo que, em toda a Igreja, sejam devotamente honrados entre os Santos. Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo“.
Com os pastorinhos Jacinta e Francisco já canonizados, o Papa começou a homilia dizendo que Nossa Senhora não apareceu em Fátima para que os fiéis a vissem, mas sim para os lembrar de que o inferno existe, mas também há a luz de Deus. “A Virgem Maria não veio aqui para que a víssemos; para isso temos a eternidade inteira, naturalmente se formos para o céu”, começou por dizer. Para o Sumo Pontífice, o objetivo das aparições de Nossa Senhora foi, através de avisos sobre o “risco do Inferno onde leva a vida sem Deus”, lembrar a “luz de Deus que nos habita e cobre”.
Momento também marcante foi o abraço entre o Papa e Lucas. A criança brasileira que a Igreja diz ter sido curada pela intercessão dos pastorinhos Francisco e Jacinta Marto, canonizados esta manhã na Cova da Iria, esteve entre os milhares de fiéis que assistiram à missa celebrada pelo Papa.
Despedida emotiva
No recinto de oração, à passagem do andor com a Virgem de Fátima, os peregrinos acenavam com lenços brancos, ao mesmo tempo que o colorido de bandeiras de vários países sobressaía, um dos momentos marcantes das cerimónias, onde o Papa também se associou, acenando.
Durante o percurso da imagem até à Capelinha das Aparições, também se ouviram palmas, que foram mais fortes quando foi anunciada a passagem de Francisco pelo recinto.
“É uma emoção muito grande, todas as vezes choro, mas desta vez é especial”, disse Maria Rita, de 53 anos, do Porto, lamentando que “o mundo precise de muitas lágrimas para se endireitar”. Maria Rita, que esteve no santuário 28 horas, insistia que esta peregrinação “era mais especial”. “Porque temos dois santos”, sintetizou.
Fonte/Foto: JN