Juízes tentam entender o que motivou assassinato de recém-nascido

O caso da professora de Vagos acusada de ter matado o seu filho à nascença está novamente a ser julgado, depois de o Supremo Tribunal de Justiça ter atendido ao recurso da defesa. O acórdão da primeira instância, que condenava a arguida, de 45 anos, a 13 anos e meio de prisão, foi anulado depois de os juízes conselheiros terem concluído que a motiva­ção do crime nunca foi esclarecida, considerando imprescindível a realização de uma perícia psiquiátrica à mulher.

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A professora, que, durante o primeiro julgamento, no Tribunal de Vagos, afirmou que o filho já estava morto quando pegou nele pela primeira vez, remeteu-se desta vez ao silêncio no Tribunal de Aveiro. Na audiência que decorreu na manhã de ontem foi ouvido o psiquiatra que elaborou o relatório da perícia, tendo este dito que não encontrou qualquer sinal de alerta, em termos de personalidade, que justificasse os factos pelos quais a mulher está a ser julgada.

“Este episódio não deixa de ser uma surpresa na biografia da senhora”, referiu o médico, adiantando que, quando acompanhou a arguida, esta apresentava um quadro depressivo, mas não eram perceptíveis sintomas de psicose puerperal, perturbação mental que pode ocorrer após o parto. A mulher, acusada de um crime de homicídio qualificado e outro de profanação de cadáver, deu à luz no dia 11 de Maio de 2011, na casa de banho da escola onde dava aulas, no concelho de Vagos. Sozinha, terá cortado o cordão umbilical e colocado, depois, o bebé num saco de plástico que permaneceu durante dois dias na bagageira do carro, até ter sido encontrado pela cunhada. A autópsia revelou que o menino morreu asfixiado.

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