José Gomes Ferreira, jornalista da SIC, esteve na Biblioteca Municipal de Cantanhede, a convite da Associação Empresarial de Cantanhede, para dar uma palestra intitulada “PORTUGAL É VIÁVEL – ASSUMIR O PASSADO, PREPARAR UM FUTURO MELHOR”.
Com a sua forma peculiar e desassossegada, José Gomes Ferreira foi colocando o “dedo na ferida” em cada tema que abordava.
Falou da “confusão que são os chumbos do Tribunal Constitucional e as medidas que são tomadas pelo Governo”, por exemplo. Admitiu que, também ele, não entende como as coisas acontecem neste âmbito. “Anda tudo meio nebuloso nesta relação Constitucional-Governo Central”.
Falou do BES. Ou melhor: do EX-BES. O tal que agora foi dividido entre “banco bom e banco mau”. Ali, para ele, a má gestão e o crime confundem-se “num grupo económico, cuja grande hipocrisia é o espelho do país em que vivemos”.
Mais. Disse que “acabaremos, todos, por pagar pelas asneiras daqueles senhores”.
José Gomes Ferreira garantiu não ter nenhum problema em ser rotulado de direita ou de esquerda, conforme a opinião de cada um. O que ele crê, na verdade, é que não podemos “enfiar a cabeça na areia”perante tantos problemas que Portugal atravessa. Por isso, vai fazendo a sua “cruzada” sem papas na língua, pois “já passou da hora de se fazer uma revolução de cidadania. Temos TODOS esta obrigação!”.
Ao longo da palestra, José Gomes Ferreira foi lançando questões pertinentes: “Como é possível serem gastos 16 mim milhões de euros em barragens? Isto é um crime para a nossa frágil economia!”
Pouco depois, abordou mais um ponto nevrálgico da sociedade portuguesa: a justiça. Nas suas palavras, “a justiça funciona bem, mas no que se refere à economia, ela falha redondamente. Ela não é igual para todos, de modo algum”…
Para o jornalista, “a culpa está no Parlamento. Em tudo! Por que, foi lá que se fizeram as leis que impedem as pessoas de trabalhar”. Na verdade, para ele, “temos um sério problema de regime, pois, qualquer verdadeira reforma tiraria poder aos partidos. A todos! Desde o PSD até à esquerda mais radical, TODOS perderiam benefícios, e isto não lhes interessa nada. A nenhum deles. Por isto, é preciso muito cuidado com os vendedores de ilusões. Nossa missão é exigir que os Governos alterem as leis no Parlamento!”
Apesar de tantas “anomalias” no sistema vigente, José Gomes Ferreira afirma que “em todos os partidos e instituições neste país, existem pessoas sérias, interessadas, verdadeiramente, em mudar isto tudo para algo melhor. Há boas propostas à esquerda e à direita… Por isto, ainda acredito no país!”.
José Gomes Ferreira terminou sua palestra a afirmar que “apesar do Parlamento SER UM CANCRO NO NOSSO PAÍS, temos de exigir uma alteração séria e credível da Constituição. Mudar tudo o que for preciso, a começar pelas mentalidades.” Dizendo ser radicalmente “contra o chico-espertismo, a famosa cunha, o amiguismo” o jornalista deixou bem vincada a sua opinião sobre a sociedade portuguesa atual: “Muito do mal que há neste país é, também por nossa causa… porque nos demitimos da nossa cidadania”…